sexta-feira, 19 de maio de 2017

Artigo - NOVAS CARAS POR UM POSSÍVEL NOVO PAÍS

Demétrio Sena, Magé - RJ.
Não creio que haja a quem defender, no cenário político atual. Nunca estive à procura de quem roube menos, e sim, de quem não roube. Aprendi com minha mãe, uma sábia mulher analfabeta, que um ladrão só rouba pouco pela falta da chance de roubar muito. Dar ao político que roubou menos, uma nova oportunidade, será dizer para ele: 'vá lá, meu querido; veja se desta vez você consegue roubar direito'. No fundo, parece que uma enorme parcela da sociedade pensa como o ex-prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, que considera pobre de alma o político que não rouba o suficiente para ficar bilionário.
Também não acho que um político é honesto ou desonesto a depender do partido. As nominatas não mudam o ser humano, e se os próprios políticos levassem mesmo a sério essa história de graus de honestidade conforme legenda, não haveria coligações entre partidos políticos de filosofias, condutas e contextos de ética tão opostos entre si. O povo não teria sido levado a votar no Temer e na Dilma, se ambos fossem mesmo convictos da própria honestidade e a desonestidade do outro. E se existe essa convicção mútua, pior ainda. Significará que Dilma e Temer negaram todos os seus discursos e deram as mãos, mesmo crendo que o outro, a qualquer momento, faria algo extremamente prejudicial ao país; afinal, são de partidos antagônicos. Logo, cada um pensou no seu sucesso pessoal, e o povo que se virasse depois do caldo entornado.
É sempre assim entre os políticos. E assim é a sociedade: ama um político/partido e odeia outro, mas abre mão de sua ideologia quando ambos se unem e mandam, cada um se dizendo o melhor: 'vote em mim e no meu inimigo'. Em outras palavras: vote em mim, que sou honesto e bom, e nele, que é ladrão e mau. Aí o povo, que elege o mocinho e o bandido, começa a brigar entre si com ofensas pessoais ou protegido por sites de relacionamentos. Tem cidadão que que se desentende com familiares e amigos, agride outros cidadãos por causa de seus ídolos, e acaba com cara de tacho, quando percebe que esses ídolos não dão a mínima importância para o país. Mesmo assim, esse cidadão continua a defender tais ídolos, porque não pode dar o braço a torcer. Não pode se mostrar frágil, dizer que estava errado nem correr o risco ser chamado de pelego, burro, burguês ou vira-casaca. 
Hoje, não quero nenhuma volta. Continuarei apostando, ainda que me decepcione outras vezes, em novos nomes. Novos rostos. Não em nomes ou rostos indicados direta ou indiretamente pelos que passaram por lá e hoje querem voltar ou permanecer, via parentes, amigos ou comparsas. Mas não condeno quem ainda acredite, por uma razão ou outra, nos que estão, estiveram ou meio estão; meio estiveram. Ninguém é burro, pelego nem burguês porque não pensa como eu. Cada um tem seus motivos ou pelo menos sua boa fé para crer no que dizem seus ídolos políticos e a imprensa, que também está uníssona, mas cada um lê um jornal ou site, ouve uma rádio e assiste a uma emissora de tevê com olhos e ouvidos armados ou desarmados conforme sua simpatia pessoal... 
... ou a simpatia dos políticos e partidos de sua preferência.

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