quarta-feira, 24 de junho de 2015

INCÊNDIO, DROGAS E OMISSÃO EM ESCOLA MUNICIPAL DE MAGÉ

A edição do dia 22 de junho do portal do jornal O MANGUE veicula matéria preocupante, que dá uma visão do que ocorre nas escolas da rede municipal. A matéria fala de uma série de atos de vandalismo e criminalidade dentro das unidades escolares, e da fragilidade ou incompetência do poder público municipal para lidar com tais situações; o que deixa os profissionais de ensino muito apreensivos e sem saberem o que fazer. De acordo com O MANGUE, no dia 22 de maio os adolescentes R.S.O., de 16 anos; M.A.S., de 14; J.S.A., de 14; e R.G.P., de 13 tentaram atear fogo em botijões de gás que ficavam armazenados em um compartimento nos fundos da Escola Municipal Comendador Délio Pereira Sampaio, na Barbuda, onde estudavam. Como não conseguiram, pois foram repreendidos por um funcionário e houve rápida mobilização para que o foco do incêndio fosse apagado, eles subiram até o segundo andar do prédio e incendiaram a biblioteca, que até a semana passada permaneceu fechada para reforma mas até hoje tem o chão queimado. Os bombeiros foram chamados, e ninguém ficou ferido apesar de muitos terem inalado a fumaça.
Mas, a denúncia mais grave do jornal está concentrada na omissão da prefeitura, que nada faz além de tentar abafar o que ocorre nas escolas, o que é feito, isto sim, com certa eficiência. Pelo visto, as aparências são tudo o que importa para a municipalidade. Leia abaixo, a pauta restante do próprio portal:
A partir daí, o que se vê é uma série de contradições que dão margem a dúvidas e conjecturas. A começar pelo fato de o diretor da unidade, Rafael Machado, não ter feito o Registro de Ocorrência na delegacia (o que impediu que a perícia técnica fosse realizada), e mesmo assim ter decidido transferir os alunos de escola, ou seja, sem base legal para isso. E mesmo com o diretor tendo divulgado um relatório sobre o ocorrido ao Conselho Tutelar, no documento não diz para onde os alunos foram transferidos. Diz sim, que a mãe de um deles não compareceu à escola para ser comunicada da decisão, logo, entende-se que o adolescente está sem estudar. A um conselheiro tutelar ele teria dito somente que aquele adolescente “não entra mais na escola”. O diretor foi procurado pela reportagem, mas se negou a dar qualquer informação quanto ao caso, ‘passando a bola’ para a secretária de Educação, Cultura, Esporte, Lazer, Turismo e Terceira Idade, Angela Lomeu. 
Angela não consentiu que a entrevista fosse gravada, mas admitiu que os conselhos escolares das unidades para onde os alunos foram (sem citar quais), também não foram informados quanto a razão das transferências. — Avisamos somente à equipe diretiva, para que faça um acompanhamento. Se eu avisar ao conselho escolar, ele cria uma rejeição à criança, e acaba marginalizando. E não cabia colocar polícia até porque são menores de idade. 
Segundo a versão de Angela, o fogo não começou com tentativa de se atingir a bujões de gás, muito menos se concretizou na biblioteca, mas “foi em algumas carteiras que estavam do lado de fora para serem retiradas”.
Bombeiros se negam a dar cópia da Certidão de Ocorrência
O horário do acontecido também não bate com o registro do Corpo de Bombeiros. Enquanto funcionários, alunos e pais de alunos dizem que o fogo começou por volta das 15h40 (ou seja, tão logo os alunos entraram para o turno da tarde, que começa às 15h), o serviço de operações do 2º Grupamento de Socorro Florestal e Meio-Ambiente afirma (e isso também está gravado) que o socorro saiu às 13h40 para este atendimento, ou seja, em um horário em que os alunos não estavam estudando. Isso pode ser interpretado como fraude em documento público a fim de dar a entender que o incêndio não foi provocado pelos alunos, mas por alguma espécie de acidente.Os oficiais que foram ouvidos confirmam que ao chegarem ao local o fogo já estava controlado e foi feito apenas o trabalho de rescaldo (espécie de prevenção para evitar que o incêndio recomece). O capitão Frederico Cardoso, no entanto, não permite mais nenhuma informação, nem mesmo “extraoficial”. Se recusou também a dar a cópia da Certidão de Ocorrência, dizendo que a mesma só pode ser solicitada pela direção da escola, contrariando assim a Lei de Acesso à Informação.
Drogas na Escola
Os adolescentes, segundo relatos de outros alunos, fumavam maconha dentro do banheiro da escola e viviam filmando as meninas com o celular, contra a vontade delas. Segundo o relato do diretor ao Conselho Tutelar, eles já provocaram “reiteradas ocorrências de problemas disciplinares, como perturbação em sala de aula e desrespeito a professores e demais alunos”. Apesar da versão da transferência, alguns alunos insistem em dizer que ao menos um dos envolvidos continua estudando na Délio Pereira Sampaio, porém sua frequência às aulas não é muito assídua. Já outros afirmam que eles não estão matriculados em escola nenhuma, sendo comum vê-los juntos em associações ao tráfico de drogas nos bairros Fonte e Vila Olímpia. Há também a versão de que um teria sido encaminhado a um abrigo, de onde, aliás, já tinha vindo. Em meio a apuração para esta matéria, chegou até a reportagem a informação de que dois adolescentes ficam com frequência ao portão da escola, do lado de fora, no turno da tarde, e obrigam quatro meninas da quinta série a entrarem na unidade com material como “fósforo, isqueiro e outras coisas”, para que elas repassem a dois estudantes também da quinta série.
— Eu questionei ao diretor quanto a isso, porque uma dessas meninas é minha filha. Ele disse que deu uma prensa nos dois garotos que recebem esse material, e que um baixou a cabeça e o outro foi mais arredio. Indaguei também quanto a esse episódio do incêndio mas ele disse que isso aí já não é problema meu — conta uma dona de casa que pede para que seu nome não seja divulgado.Corre a versão de que a revolta dos adolescentes ao ponto de tentar provocar uma explosão na escola, não tem a ver com “briga de facção” como o diretor teria dito aos conselheiros tutelares, nem com o fato de “não estarem a fim de estudar”, como diz a secretária de Educação, mas sim por terem sido vítimas de acusação de roubo ao celular de uma professora.

Um comentário:

  1. Esse povo da prefeitura se rasga de medo do Ministério Público. MP neles. É o jeito.

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