segunda-feira, 28 de abril de 2014

A CANONIZAÇÃO DO APÓSTOLO DO BRASIL

Prevista inicialmente para acontecer no dia 02 de abril de 2014, a canonização do Padre José de Anchieta, que abençoou as águas de Magé há mais de quatrocentos anos, aconteceu no dia 03 de abril, com a assinatura do decreto pelo Papa Francisco. A canonização do Padre Anchieta, que foi declarado beato pelo Papa João Paulo II e agora será proclamado santo pelo Papa Francisco, pois fim a um dos mais antigos processos em tramitação na Congregação para a Causa dos Santos, aberto em 1597, logo após o falecimento do religioso.
Nascido em Tenerife, no arquipélago das Ilhas Canárias, o Padre José de Anchieta (1534-1597) chegou ao Brasil em 1553. Participou da fundação da cidade de São Paulo e da reconquista do Rio de Janeiro ao lado de Cristóvão de Barros, fundador da cidade de Magé. Falecido em Reritiba (atual cidade de Anchieta), no Espírito Santo, em 1597, Anchieta recebeu o título de Servo de Deus em 1652 e o de Venerável em 1736. A beatificação ocorreu somente em 22 de junho de 1980 e agora em 03 de abril de 2014 foi proclamado Santo.
Em 1570, a fazenda de Cristóvão de Barros em Magé foi cenário de dois milagres atribuídos ao religioso jesuíta, e registrados por seus primeiros biógrafos (Padre Quirício Caxa e Padre Pero Rodrigues), ainda no século XVI: o do poço bento e o do boi bravo. Sobre este último, escreveu o Padre Pero Rodrigues: “Foi o Padre José com o Padre Vicente Rodrigues, a confessar a gente da fazenda e engenho de Magé, que pouca há nomeamos; andavam para meter na moenda um boi muito bravo, e que não podiam. Chegou-se o padre ao curral, e deitou uma bênção ao boi, com que ficou tão manso que logo se foi à canga, e um menino o meteu nela”.
Marcante é a presença do Padre Anchieta na cidade de Magé: o paço municipal denomina-se Palácio Anchieta desde 1964, existem dois bustos do religioso, o primeiro inaugurado no Largo da Matriz em 1952 e o segundo no Poço Bento, em 1991. A própria rua da Matriz passou a denominar-se Avenida Padre Anchieta em 1952. O Padre José de Anchieta é ainda patrono do conjunto do BNH de Magé, de uma escola municipal na rua Elizabeth Rego, no bairro da Vila Nova, e da cadeira n.º 21 da Academia Mageense de Letras, atualmente ocupada pelo poeta Alzir Ferreira, em sucessão ao historiador Dario Navarro.
Antonio Seixas - escritor, historiador, advogado. Membro da Academia Mageense de Letras

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