quinta-feira, 6 de setembro de 2012

CORREGEDORA DESABAFA ANTES DE DEIXAR CARGO

Depois dos onze processos que abriu contra juízes, resultando oito afastamentos, a ainda corregedora nacional de Justiça Eliana Calmon disse neste dia 5 de setembro que investigar patrimônios mexe com o bom senso das pessoas.
Eliana Calmon, durante todo o tempo em que exerceu o cargo de corregedora do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) resolveu nada menos do que 9.000 processos. Foram dois anos de mandato, no qual ainda foram abertas 50 sindicâncias, com 38 finalizadas. Ela fez neste 5 de setembro sua última sessão no CNJ, não sem antes apresentar o resultado das primeiras investigações patrimoniais sobre juízes, com pedido de abertura de processos disciplinares. Os casos foram interrompidos por pedidos de vista.
Essa perplexidade dos juizes e conselheiros do CNJ já era esperada pela corregedora, conforme ela mesma declarou. "No Brasil, mexer com patrimônio é muito sério, as pessoas ficam impactadas. Quando a gente mexe com isso, parece que mexe com o bom senso das pessoas. "A investigação patrimonial é matemática. É saber se o juiz ganhou dois e porque tem um a mais", afirmou Eliana.
Eliana Calmon disse que que as entrevistas que fez, nas quais chegou a se refeir a "bandidos de toga" foram necessárias. "Só não erra quem não trabalha. Se tive excessos, foram excessos de linguagem, importantes para dar conhecimento à população e ajudar na abertura do judiciário."
Para Eliana Calmon, o "grande problema" do Judiciário está na gestão dos tribunais. Asseverou que nem todo magistrado está sintonizado com as novas formas de gerir um tribunal. Disse que sua atuação no CNJ foi "muito profícua" e deu uma "nova imagem, de que as coisas funcionam".
Eliana também apresentou outro problema, relacionado à segurança dos juízes. Tentou, sem sucesso, apresentar o resultado da investigação que fez no Triubnal de Justiça do Rio, onde trabalhava a juíza Patrícia Acioli, que em 2011 foi assassinada. Esclareceu que a inteligência da Polícia Federal sabia desde 2009 que a juíza Patrícia era jurada de morte. "O TJ tem 100 policiais e há seguranças que acompanham filhos de desembargadores em jogos de futebol".
Finalizou dizendo que falta nos tribunais, apoio para dar segurança a juízes, por causa do que classificou como "uma cultura de não se acreditar em magistrado que se diz ameaçado".

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