João de Almeida Fiuza (foto), um dos maores artistas plásticos do Município de Magé faleceu no dia 30 de outubro, terça-feira, depois de um longo período em que sofreu as sequelas de seguidos derrames. Fiuza começou a carreira artística pintando telas, e anos depois começou a confeccionar objetos, quadros de lata com arames e pregos retorcidos e outras obras de arte conceitual. Essa fase agradou em cheio os colegas de arte e fez grade sucesso em exposições individuais e coletivas país afora. Na quarta-feira, dia seguinte ao falecimento de Fiuza, o amigo de muitos anos, poeta e fotógrafo Demétrio Sena se manifestou em rede social com um artigo que emocionou familiares, amigos e admiradores do artista. Republicamos abaixo, o artigo de Demétrio Sena, com fotos também do autor.
ADEUS AO AMIGO E ARTISTA FIUZA
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Perdemos nosso amigo grandalhão. Fiuza faleceu nesta quarta-feira deixando a família, uma legião de amigos e uma história de luta pela arte. O artista plástico ex-paraquedista deixou a carreira militar para viver do talento artístico, mesmo sabedor de que as artes plásticas exigiriam um caminho muito mais árduo do que as forças armadas. Tinha uma forma única de pintar e confeccionar seus quadros e objetos de lata, pregos, ferro e arame retorcidos, com os quais participou de inúmeras exposições individuais e coletivas Brasil afora, levando encanto a milhares de admiradores.
Fiuza também pintava letras. Fazia faixas, painéis e letreiros em muros, e isso o ajudava nos espaços entre as vendas de suas obras de arte. Era muito comum vê-lo nas ruas de Piabetá, Fragoso e Raiz da Serra, quando ia ou voltava de suas virações. Foi muito trabalhador, mas nunca deixou de reservar um tempo para visitar exposições. Não gostava de perder nenhuma ocasião. Ia e deixava nos cadernos de visitas, assinaturas enormes para deixar evidente aos amigos e colegas de arte, que lá estivera.
A força que levantava pesos inacreditáveis em sua academia improvisada no domicílio em Fragoso contrastava com o apreço à música clássica e a delicadeza com as tintas. Era bruto em assuntos como política e não tinha paciência com quem rebatia suas ideias. Mostrava-se conservador nas questões de patriotismo e defendia regimes duros de governo, mas, ao mesmo tempo, nunca vi alguém tão generoso com amigos. Tão doce com quem o cativava. Um ser humano capaz de sacrifícios pelo outro.
Nosso amigo descansou, depois de quatro anos convivendo com as sequelas de seguidos AVC. Percebíamos a sua luta pela vida e percebemos que ele só se foi quando se deixou ir. Era cheio de vontades e amava a ideia de viver. Além da esposa, os filhos, irmãos, familiares, admiradores, amigos e uma história pessoal como artista, Fiuza deixa lembranças de acolhimento em dezenas de artistas plásticos, entre veteranos e novatos, que participaram das exposições coletivas sob o título ARTISTAS & ARTEIROS, que ele promoveu durante anos no sexto distrito de Magé.
Vá em paz, artista e amigo grandalhão que se fez amar como era. Sem nunca fingir. Sendo sincero nos defeitos e nas qualidades. Na doçura e na rabugice. Na sensatez e na intransigência. Você jamais partirá de nossas lembranças e da história que pintamos juntos.
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