Há um grande número de cidadãos
focados especificamente no que a lei permite, proíbe ou manda. Isso é bom,
porque muitos crimes, delitos e contravenções deixam de ser praticados, pela
mera existência do temor da lei. Por existirem, ainda bem, essas pessoas
temerosas das consequências diretas de seus atos, mesmo que lhes falte caráter
para, no fundo, não desejarem praticar tais atos.
A realidade se complica, e muito,
quando a ética está em jogo. Sendo ela o conjunto de posturas e atitudes que a
lei não manda nem proíbe, muita gente boa, em princípio, porque não comete
crime, abusa do atentado impune ao ser humano. Constrange, prejudica, passa
para trás, engana, falta com a palavra, faz fofoca, dedura e até ganha pontos
com quem lhe convém ou interessa agradar, mesmo que prejudique aquelas pessoas
que não oferecem retorno, vantagem, promessa, ou das quais apenas não gosta.
Falta-se muito com a ética nos
ambientes de trabalho, nas igrejas, agremiações e outros grupos, em troca de
promoções, prestígio, atribuições, privilégios e cargos que pertencem a outros.
Muitas vezes tão só para ficar bem aos olhos do líder, e ter a honra
questionável de se tornar mais íntimo.
Também se falta muito com a ética
em nome de um destaque na família... da disputa pela preferência geral. Nos
dissídios e nas intrigas envolvendo proles. Algumas vezes, pela simples
curiosidade ou desejo de cutucar desafetos do outro lado, por intermédio de
alguém mais frágil, dependente ou ingênuo, que no fim das contas é igualmente
prejudicado sem nem saber a razão.
São muitas as crueldades. Os atos
perniciosos não previstos em lei. E a ética, intocável para o jugo da lei, em
nome da graça, do arbítrio e da liberdade responsável do ser humano, fica
seriamente comprometida. Uma sociedade sem lei é truculenta; brutal... sem
ética, é hipócrita e nojenta.
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