segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Opinião - SOBRE MINHA CONVERSÃO AO ATEÍSMO

Isac Machado de Moura

Sou ateu daquele deus dos adesivos nos carros, daquele deus que é fiel porque o sujeito tem um carro para colocar o tal adesivo. Aquele deus não me representa. Sou ateu do deus de Eduardo Cunha e de toda a bancada evangélica, daquele deus das maracutaias, daquele deus que escolheu, desde o ventre da mãe, alguns poucos homens iluminados para oprimirem milhões de outros homens e ganharem muito dinheiro com isso. Sou ateu do deus dos pastores e padres candidatos a cargos políticos, do deus que deu uma visão salvacionista a esses seres iluminados capazes de trocarem seus ministérios, suas igrejas por poder, dinheiro, fórum privilegiado. Sou ateu do deus dos líderes religiosos que vivem do desconhecimento, da ignorância dos seus seguidores. Sou ateu do deus de direita que escolheu os ricos e largou os empobrecidos à sua própria sorte. Sou ateu do deus do Banco do Vaticano, do deus das empresas de Malafaia, do deus de Feliciano, do deus partidário. Sou ateu do deus do colonizador, que legitima todas as suas ações com os povos colonizados. Sou ateu do deus terrorista do Estado Islâmico. Sou ateu do deus da PEC da cristofobia, do deus da inquisição, do deus dos servidores públicos que se corrompem e oram pela nação. Sou ateu do deus daquele "pastor" que aceita dízimo do tráfico, do parlamentar corrupto, e que tenta aliviar sua consciência descontextualizando e violentando um texto bíblico que não trata de dinheiro: "O altar purifica a oferta". Sou ateu daquele deus que aparece nos montes, em orações esquisistas, incendiando gravetos, para impressionar, mas que deixa com fome o povo pelas ruas da cidade. Nesse deus eu não creio.

Sou crente num Deus que se expõe no rosto dos oprimidos para que seus filhos/seguidores vejam e ajam. Acredito naquele Deus que transforma vidas através do projeto Cristolândia, naquele Deus do café da manhã para os "moradores de rua", na praça de Macaé, naquele Deus do Projeto Sementinha, aqui em Tamoios. Sou crente naquele Deus do Projeto Raabe, naquele Deus encarnado em Cristo para construir relacionamentos próximos com a humanidade. Sou crente no Deus de madre Teresa de Calcutá, no Deus libertário de Luther King, no Deus de Francisco de Assis, no Deus dos evangélicos que agem e oram, no deus poético de John Stott, no Deus revolucionário de René Padilha e de Leonardo Boff. Sou crente em um Deus que olha para o ser humano e o ama, independente de sua religião, num Deus que amou Chico Xavier e Mãe Menininha do Gantois. Sou crente num Deus que ama. Não faria muito sentido dizer que sou crente num Deus justo, pois adjetivando Deus como justo eu estaria pensando em meu próprio conceito de justiça. Quem sou eu para adjetivar Deus? Ele é Deus e eu sou apenas um Isac, alvo do Seu amor. Sou crente nesse Deus.

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