quinta-feira, 5 de maio de 2016

Artigo - DIA DAS MÃES

Somente o instinto da conservação própria, do indivíduo, pela alimentação, é superior ao instinto da conservação da espécie, pela procriação. Por isso, a maternidade já se encontra venerada nas mais antigas mitologias. Na Ásia Menor e depois na Grécia Antiga e na Roma dos Césares, a figura de Cybele, a Mãe dos Deuses, a Magna Mater, era símbolo da fertilidade, festejada no início da primavera, quando a natureza se renova no Hemisfério Ocidental. O Brasil segue a tradição de vários países europeus, escolhendo a data do segundo domingo de maio para comemorar o dia das mães.
            Acabo de ler artigos em jornais que começam a enaltecer a figura da Mãe em ocasião da sua comemoração no próximo domingo, relevando seu sacrifício em dar à luz e assistir seus filhos ao longo das várias fases da vida. Consolido-me com os articulistas, pensando nas noites insones pelo choro do bebê, nas peraltices de moleques desobedientes, na limitação de suas atividades profissionais para cuidar da educação dos filhos.
 Mas, por tratar se de um problema social e não apenas pessoal ou familiar, gostaria que as mães (e os pais) refletissem sobre o fato de que isso não é um favor, mas uma obrigação, visto que nenhuma criança pede para nascer. Apenas os animais põem crias no mundo sem responsabilidade.  Os seres dotados de razão e de sentimento deveriam se perguntar se têm condições econômicas e psíquicas para pôr um filho no mundo. Que dizer, então, da irresponsabilidade social dos que não limitam o número da prole? A humanidade precisa aumentar em qualidade e não em quantidade. A história confirma o que já afirmou o filósofo grego Aristóteles, no séc. IV a.C.: “Quanto mais desenvolvida for a espécie, menor será sua prole”.

Salvatore D' Onofrio
Dr. pela USP e Professor Titular pela UNESP
Autor do Dicionário de Cultura Básica (Publit)
Literatura Ocidental e Forma e Sentido do Texto Literário (Ática)

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