Pauta do MSN
O papa
Francisco pareceu abrir caminho para uma possível, ainda que limitada,
suavização da proibição da Igreja Católica a métodos contraceptivos por causa
do Zika vírus.
Mas o
pontífice argentino, que falava aos repórteres na volta para Roma após uma
visita ao México, descartou categoricamente o aborto como reação ao Zika,
comparando a prática aos assassinatos da máfia italiana.
A crise
de saúde vem pondo em questão os ensinamentos da Igreja, especialmente na
América Latina, onde o aborto está sendo debatido mais abertamente até mesmo em
alguns países conservadores.
Muitos
cientistas acreditam que a Zika, uma doença transmitida por mosquitos que está
se alastrando pelas Américas, pode ser um fator de risco de microcefalia – uma
má-formação craniana em recém-nascidos.
Nas
descontraídas coletivas de imprensa pós-viagem que se tornaram uma marca
registrada de seu papado, Francisco foi indagado se recorrer à contracepção
entraria na categoria de "menor dos males", e como se sente a
respeito de algumas autoridades que aconselham gestantes com Zika a fazer
abortos.
Ele
rejeitou categoricamente que o aborto venha a ser permitido futuramente para
mulheres grávidas infectadas com Zika temerosas de dar à luz uma criança com
microcefalia.
"O
aborto não é um mal menor. É um crime. É matar uma pessoa para salvar outra. É
o que a máfia faz", disse o papa, repudiando a prática com fervor. "É
um crime. É um mal absoluto".
A Igreja
de 1,2 bilhão de fiéis ensina que o aborto é um crime porque a vida começa no
momento da concepção. A Igreja prega que a contracepção é errada porque nada
deveria impedir a possível transmissão da vida.
Mas
Francisco mencionou em sua resposta que um de seus antecessores, o papa Paulo
6º, emitiu uma dispensa excepcional que permitiu a freiras na África utilizarem
a pílula anticoncepcional porque corriam risco de serem estupradas em meio a um
conflito local.
Ele disse
que Paulo, que foi papa entre 1963 e 1978, reagiu a "uma situação difícil
na África", dando a entender que existe um precedente papal.
Francisco
não contou quando exatamente seu antecessor abriu a exceção, mas acredita-se
que o fato ocorreu nos anos 1960 no que então era o Congo Belga. Pouco se sabe
sobre o episódio, que não foi divulgado na ocasião.
Francisco
disse que, diferentemente do aborto, "evitar a gravidez não é um mal
absoluto", e acrescentou que "em certos casos", como o
precedente de Paulo 6º, empregar a contracepção pode ser o "mal
menor".
Ele não
deu maiores detalhes.
Em seus
comentários sobre o Zika, o papa também clamou para que as comunidades médica e
científica façam todo o possível para descobrir mais sobre a doença.
"Eu
também gostaria de exortar os médicos a fazerem tudo para encontrar vacinas
contra os mosquitos que carregam esta doença. Temos que trabalhar nisso",
disse.
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