quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

MAGÉ, CASSAÇÃO E CRIME: CADÊ AS PROVIDÊNCIAS?

Paulo César dos Santos

Às vésperas de completar quatro anos como vice de um prefeito cujo mandato se revelou desastroso já nos primeiros meses, Cláudio da Pakera resolveu sair do governo no qual chegou a ocupar algumas secretarias importantes, da forma mais litigiosa possível: denunciando as mazelas, ilegalidades, irregularidades e ações arbitrárias de Nestor Vidal, além de acusar, a Câmara, em sessão ordinária. de omissão. Quase no fim do ano passado, antes do recesso da Câmara Municipal de Magé, Cláudio adentrou aquela casa e despejou todas as denúncias, mais em forma de desabafo do que denúncias, propriamente, mas desafiando os vereadores a tomar providências; investigar; cumprir seu papel de poder legislativo.
A movimentação em torno do assunto ainda não deu em nada substancial que leve a ter esperanças na justiça feita, mas deu uma boa desmascarada no prefeito mageense. Ao mesmo tempo, deu também uma boa desmascarada em maioria dos vereadores, que no início bradaram, prometeram fazer e acontecer, depois começaram a se calar, e logo após bandearam sua simpatia para o executivo. Há até rumores de que alguns andaram por Teresópolis, área real de Nestor, com quem almoçaram e trataram de assuntos que ninguém sabe. Ou todo mundo sabe. 
Nestor, por sua vez, ao ser interpelado por um órgão de notícias de Teresópolis disse que o seu ex-vice estaria magoado por ter sido abandonado pelo próprio partido (PMDB), no qual seria pupilo ou afilhado político do Deputado Federal Washington Reis. O PMDB é também o partido de Nestor. Mediante essas declarações, Cláudio da Pakera se calou, não se fez mais presente nos bastidores políticos de Magé, e resolveu tocar sua vida, com a promessa de que não seria candidato a nada, mas de que procuraria pessoa séria para apoiar nas próximas eleições.
E todo esse rebuliço em torno de uma possível futura cassação de Nestor Vidal pode ter sido a causa de uma tragédia: o vereador Geraldão, assassinado há pouco mais de um mês, era presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito na qual se investigavam as denúncias contra Nestor. Há rumores de que Geraldão já tivesse em mãos diversos documentos comprobatórios das acusações contra o prefeito: superfaturamento, licitação fraudulenta, notas frias, funcionários fantasmas entre tantas outras. Registre-se ainda, que Geraldão foi assassinado no pátio da Câmara Municipal de Magé às 22h do dia 13 de janeiro de 2016, com a casa em recesso e sem nenhuma sessão extraordinária.
Indagado sobre a morte de Geraldão, Cláudio da Pakera foi frio; disse que sabe que na política existem essas coisas, mas que, "graças a Deus" ele estava fora da política e agora só queria cuidar da própria vida e de sua família. Atitude nada humana, coerente nem ética de quem usufruiu do bem público por alguns anos e teve a confiança de uma população que deseja saber o que é feito de crimes como esse, não exatamente por amor às vítimas, mas pelo direito de tomar ciência do que acontece na cidade e quais são as providências tomadas.


Parece que todo o mundo respirou aliviado, no tocante às denúncias contra Nestor Vidal, feitas por Cláudio, que pareciam exigir urgência, quando a justiça determinou que estavam anuladas todas as decisões tomadas pela Comissão Parlamentar de Inquérito. Agora, quando a Câmara voltou às atividades, ainda não se sabe quem assumiu a comissão até então presidida por Geraldão, e sequer se ainda investigação. Só houve, até hoje, bate-boca entre prefeitura e Câmara, por atraso de pagamentos e atraso de férias de funcionários. Entre Câmara e a prefeitura está o SISMA, sindicato dos servidores públicos de Magé, presidido por Sandra Silva. Ela está indignada, porque tenta falar com o prefeito, não é ouvida e o prefeito ainda a desafia a procurar a justiça.

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