segunda-feira, 5 de maio de 2014

ARTIGO - O EQUÍVOCO DA FÉ IMPOSTA

Demétrio Sena, Magé - RJ.


Aquele moço cristão destratou abertamente, sem qualquer motivo relevante, o moço ateu. Chamou-o de perdido, predestinado ao inferno, servo do diabo e outras classificações que não me agrada repetir. Ao mesmo tempo, tentou impor uma fé que se baseia em seu Deus, na retidão, no amor ao próximo e na liberdade... justamente a liberdade, sinônimo de não imposição.
O ateu, com olhar piedoso e compreensivo, não retrucou. Não devolveu sequer uma sílaba das ofensas que ouviu. Parecia fazer, intimamente, uma prece. Uma prece de ateu à inexistência divina, por aquele cristão atormentado pela intolerância; o preconceito. Por um conjunto conflituoso que denota o profundo equívoco relacionado aos ensinamentos possivelmente sinceros aplicados nos cultos e louvores em sua grei.
Agiu exemplarmente, o ateu. Deu exemplo de compreensão, piedade, amor e respeito próprios de quem não acredita em Deus por sensibilidade, fraqueza ou franqueza, por ver tanta maldade nos corações. Corações iguais ao dele, ao nosso e o daquele moço cristão amargo, acuado e contraditório que se oculta numa retidão imposta exclusivamente pelo temor do inferno.

Um comentário:

  1. Excelente! Fala em Deus é mole, mas, praticar os mandamentos Dele, ai sim, bem poucos conseguem.

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