segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Artigo - A TELEVISÃO É BRANCA

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Com toda a militância em favor do idoso, do homossexual, dos portadores de necessidades especiais entre outros grupos, o que revela um grande avanço de mentalidade nas mídias e aproxima um pouco, ficção de realidade, a televisão insiste nesse preconceito que nos apresenta uma sociedade praticamente sem negros. Das novelas aos noticiários, dos programas de auditório aos de humor, dos reality shows aos comerciais, o negro é aquele que surge quando a consciência da cúpula pesa ou aponta para um código inevitável de ética. Muitas vezes, um dispositivo da lei.
Trata-se de uma regra cuja exceção se mostra, bem a contragosto, se determinada história ou o produto se enquadra num contexto em que a presença do negro é indispensável, sob pena de toda a trama ou apelo comercial soar extremamente falso. Nas tramas, por exemplo, quando as histórias estão ambientadas em tempos de escravidão, não há como apresentar senhores de engenhos e ao mesmo tempo esconder seus escravos negros do telespectador. Se fosse possível, mesmo nesse contexto haveria exclusão. A participação do negro seria limitada. Seria cota ou exceção, de acordo com os critérios abertamente preconceituosos da emissora.
Qualquer pessoa que tenha dúvida ou simplesmente os olhos fechados para essa realidade, poderá dispensar estes argumentos e tirar suas conclusões, caso aceite se armar de boa fé ou de olhares atentos para o que verá. Para isto, bastará fazer uma comparação sincera, criteriosa e ativa entre o número de negros de todas as classes sociais existentes nas ruas e nos mais diversos ambientes, e o número de negros, também de todas as classes sociais, existentes na mídia. Especialmente na televisão. Depois disso responda para si mesmo, se a sociedade sem negros ou na qual o negro é exceção corresponde ao Brasil onde você vive. 

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