terça-feira, 21 de janeiro de 2014

TESOURO FERROVIÁRIO VIRA SUCATA

Antonio Pastori* 

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Uma reportagem recente abaixo do padrão de qualidade Globo, que foi ao ar no dia 17 de janeiro no jornal Bom Dia Brasil (TV Globo), é pouco esclarecedora. Ao misturar vagões de carga acidentados com carros de passageiros abandonados, como se fossem uma única coisa, a matéria confunde o telespectador. Erra ao apontar no final, um só culpado pelo abandono, a tal de ALL-América Latina Logística, que opera a malha ferroviária no Sul do Brasil. Não menciona o DNIT, órgão ligado ao Ministério dos Transportes, que é responsável pelo material rodante não operacional, ou seja, aqueles carros de passageiros, vagões e locomotivas que não foram arrendados às operadoras de carga por estarem obsoletos, defeituosos, enferrujados, acidentados etc.
Para quem desconhece o assunto, a reportagem começa mostrando material rodante (Patrimônio do Povo Brasileiro) abandonado no quarto depósito em Santos Dumont/MG. Lá estão alguns carros do trem de Prata, Automotrizes Budd (88 passageiros) que faziam viagens Rio - São Paulo, Mangaratiba, BH e outros lugares. Lá também estão estragando os carros de aço carbono do famoso Xangai que operava entre Juiz de Fora e Matias Barbosa, e a operação foi paralisada quando a malha foi entregue para a MRS transportar carga somente.
Boa parte desse material do 4º depósito, que até então estava em perfeitas condições, foi propositalmente abandonada, esquecida, jogada ao lado, pelas "otoridades" que optaram pelos trens de carga.
Tem material idêntico abandonado, com carros do trem de Prata em perfeitas condições, apodrecendo  em Francisco Bernardino, em Juiz de fora e em BH...
E tem muitos vagões de carga abandonados por aí. Alguns são da extinta RFFSA, que não servia aos interesses dos novos operadores.
Dos vagões  estragados, tombados, que a matéria mostra  no Estado de São Paulo, parte pertencia à RFFSA e parte (os mais novos) à ALL,  que é considerada uma das piores operadoras. Visa o lucro acima de tudo e a qualquer preço...
Contudo, uma coisa é certa: Quer por conta de embargos do Ministério Publico, ou da AGU, ou TCU, a verdade é que a justiça colocou todo o material rodante abandonado numa vala comum: quer sejam locomotivas, carros de passageiros, vagões de carga, quer estejam em boas condições, acidentados, enferrujados. Acham que tudo pode ter valor histórico, e por isso não dão, não vendem nem emprestam. Deixam estragar. 


Concluindo: há vários culpados, não só a ALL.

* Ferroviarista & Pesquisador

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