Contos ganham vida em muros da cidade e se tornam
“livros-vivos” para incentivar a leitura de crianças e jovens. Uma dupla
de educadoras “realizadoras de sonhos” – como se intitulam – criou
neste ano um projeto que pretende incentivar a leitura em quatro bairros
de São Paulo e do Rio de Janeiro. A ideia do CONTOS DE FADAS URBANOS,
realizado com o apoio da editora Evoluir Cultural, é desenvolver uma
nova forma de (re)contar histórias. Para isso, incentivam a cocriação
entre estudantes, comunidade e artistas locais, para que tirem do papel
contos para que sejam expostos em muros de escolas, casas, bibliotecas.
Ainda como parte do projeto, após as intervenções urbanas, as paisagens
serão fotografadas e transformadas em um livro impresso, que será
destinado às crianças e jovens dos bairros.
“É preciso uma
ressignificação ao estímulo à leitura. Por que não nos muros, pensamos?
Essa é a nova maneira que idealizamos para levar o livro para o espaço
público, para reunir a comunidade e integrá-la à leitura e à
literatura”, afirma Gabriele Valente, idealizadora do projeto. Segundo
ela, o projeto também atua como uma proposta de revitalização do espaço
público. “É uma maneira de estimular pessoas a cuidarem mais do ambiente
onde vivem”, diz.
No Rio de Janeiro, na comunidade de Santo
Antônio, em Duque de Caxias, os primeiros livros urbanos já começaram a
ser produzidos. Somente no bairro carioca, 492 alunos, entre 10 e 15
anos, da escola Hervalina Diniz, estão trabalhando três contos
específicos: O Toque de Midas, A Caneta da Realidade e Contos de Fadas
Express. Em sala de aula, os estudantes não apenas são estimulados a ler
os textos, como também participam de oficinas de pintura e de desenho,
ao menos uma vez por semana. As atividades acontecem como estímulo à
elaboração dos desenhos que inspirarão os grafiteiros profissionais a
criarem os livros urbanos.
Os alunos, os grafiteiros, os desenhos e
os kits com tubos e tintas seguem para as ruas nos finais de semana.
Todos juntos fazem a invervenção urbana, que é sempre acompanha de
outras oficinas de música, dança e literatura com a ajuda de voluntários
e parceiros locais. “Uma cantora folclórica vai participar das próximas
intervenções dando oficinas sobre folclore. Outra dupla, do Complexo do
Alemão, tem um projeto que dá livros às crianças em troca de garrafas
PET e latinhas”, diz Gabriele.
Nos moldes das ações no
Rio, em São Paulo, o projeto, liderado por Mariana Farcetta, será
realizado nos bairro do Campo Limpo, na zona sul da capital, em parceria
com escolas locais, e na Vila Madalena, zona oeste, acontece em
parceria com o projeto Dom Quixote, ONG que realiza atividades de
atendimento clínico, pedagógico e social para famílias de baixa renda. As primeiras intervenções acontecerão em julho e seguirão até o fim do agosto.
Os
textos fazem parte de uma coleção de seis livros inéditos, chamada
Contos de Fadas Modernos, lançada pelo escritor David Nordon. No
entanto, sem ilustrações, a publicação ganhará uma nova roupagem ao
receber as imagens das paisagens feitas a partir do projeto, passando,
inclusive, a se chamar Contos de Fadas Urbanos. Além disso, os livros
também serão impressos e distribuídos para 18 mil estudantes das
comunidades participantes do projeto. “É preciso valorizar as
experiências, estar junto. Muitas vezes não são necessárias coisas
gigantes para transformar a realidade, pelo contrário, iniciativas
pequenas valorizam o local. O mais rico são os desdobramentos, as novas
percepções da criança em torno dela mesma, de autoestima, de integração
com a comunidade”, diz Gabriele.
Íntegra do site Pauta Social
Nenhum comentário:
Postar um comentário