quinta-feira, 4 de abril de 2013

ARTIGO - TERCEIRA IDADE... QUIÇÁ VIÁVEL; NÃO MELHOR

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Na minha mente, não há nenhuma ilusão de que estou chegando à melhor idade... para ser sincero, faz tempo que a melhor idade passou por mim, trazendo e levando ao mesmo tempo as mais encantadas experiências da vida. Lá se foi o meu tempo de ser imortal. Imortal, até descobrir que que não. Tive a minha vez de me descobrir, estrear no amor, experimentar sem medo, porque tinha tempo de... ter tempo... perder tempo... tentar ganhar tempo.
Estou chegando à velhice. Não, não lamento, porque vivi. Porque fiz da infância, mesmo dura e sem perspectiva, e da  juventude, uma grande aventura. Tive muitos amores, corri muitos riscos, fiz do mundo e das ruas minha melhor escola, e aproveitei cada experiência, para crescer. Para não apodrecer sem ficar maduro. Não me tornar um corpo inadequado ao acúmulo de vivências.
Tenho mais de meio século... meio século de corpo, alma, mentalidade, consciência... sobretudo a consciência de que doravante, o tempo é cerco a se fechar... a vida é o epílogo de uma história que não pode ser remendada. Posso administrar o fim, mas o percurso está feito. Se existem arrependimentos, e existem, tenho que ajustá-los à minha realidade e ser alguém melhor nesse tempo sitiado pela sensação de aviso prévio do destino comum.
Não estou chegando à melhor idade... nem à pior. Não me sinto adequado a nenhum clichê institucional, criado por políticos que descobriram na velhice alheia uma fonte de votos. Uma vasta fonte que lhes custa bem pouco; às vezes nada, porque o clichê, por si só, já rende o suficiente aos políticos e famílias, proporcionando-lhes riqueza e poder.
Chego à idade que tem que ser, quando não se parte no meio da trajetória... e simplesmente a recebo sem medo, com serenidade, sabendo que posso torná-la viável... nada mais que viável. Minha ventura está no fato de que sei quem fui, quem sou, e nenhum caçador de votos me usará como isca de seus projetos enganosos e passageiros. Tão passageiros quanto as praças públicas, salões e pátios precários onde ocorrem.
O que este quase velho, com mais meio século de vida não viu ainda, foi o nascer de um poder público sério, que defenda de fato os "portadores de terceira idade"; criando, fazendo respeitar e cumprir artigos e leis referentes à saúde, à aposentadoria, o bem estar permanente. Os velhos continuam abandonados, desrespeitados, desprotegidos, vítimas do preconceito da sociedade e da pilantragem dos maus políticos (leia-se todos).

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