segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

OSVALDO VIVAS: UMA POSSÍVEL REMISSÃO TARDIA

Paulo César dos Santos

Depois de uma série de denúncias que fez no ano passado contra vários políticos de Guapimirim, o vereador daquele município, Osvaldo Vivas, volta à carga. E desta vez a denúncia é mais grave, pois se antes ele acusava uma quadrilha de políticos de desviar pelo menos R$ 5 milhões da Câmara Municipal de Guapimirim, as fraudes cresceram. Vivas fala de muito mais dinheiro; muito mais maracutaias com o dinheiro público pela municipalidade.
O que muitos entendem como coragem de um homem público, mais parece um estoque de mágoas guardadas no coração de um político traído por aqueles com quem fazia negócios também obscuros. Não foi à toa que o vereador de Guapimirim abriu o verbo em novembro de 2011, depois calou, quem sabe à espera de uma reação que o favorecesse, mas, como isso não ocorreu, ele decidiu tentar de novo. Uma espécie de chantagem não declarada, para não ser traído no futuro, pelos rastros que acabaria deixando.
O que se pode aprender claramente numa situação como estas é que no meio de corruptos não há como confiar em ninguém. Osvaldo Vivas confiou neles e a sua fatia do bolo foi sonegada. Eles confiaram em Vivas e foram denunciados por ele, quando se mostraram desonestos até mesmo com um parceiro na ilegalidade. Em pouco tempo todos trairão a todos e a questão será um nó tão cego quanto seus protagonistas.Dizer que o crime político não compensa economicamente seria ingenuidade, porque as pessoas mais ricas deste país – com as devidas exceções – são aquelas que enriqueceram de formas ilícitas. Mas de alguma forma, não compensa mesmo, pois todo corrupto percebe um dia que não tem amigos. Que até o amor de sua família é postiço; está vinculado às vantagens das quais podem ou poderão desfrutar. E nos casos fenomenais em que a família do corrupto é honesta, essa família não o admira; não o respeita e provavelmente não o ama.
Será que uma pessoa milionária, mas rodeada por pessoas interesseira, bajuladores, inimigos gentis, família superficial ou direita, mas que neste caso o renega, pode ser feliz? Pensa que sim, mas não pode. Quem se torna milionário a qualquer custo, por amar à riqueza mais do que tudo, no fundo é alguém que come dinheiro; transa com dinheiro; vive pelo dinheiro e no fim das contas não vive. Tem a alma pesada, o coração insaciável e a mente cheia de assombros; desconfianças; incertezas.
Um corrupto sabe, acima de tudo, que aqueles que mais o assediam e com quem ele mais convive são exatamente os que não prestam. São iguais a ele. E como ele próprio não se admira, não se ama porque sabe bem quem é, tem a forçosa consciência de que nos meios aonde circula e vive ninguém o ama. São todos infelizes. Todos milhos da mesma espiga. Uns tentam se afirmar pela materialidade, a imposição de seu poder e outros tentam sobreviver se subjugando a estes. Vermes menores, obedientes a vermes maiores.
“Pular fora” dessa turma nem sempre é fácil. Pode ser que o vereador Osvaldo Vivas queira se redimir dos seus atos nada elogiáveis do passado, mas isso é como tentar largar o tráfico de drogas. O preço é muito alto, ele sabe muito mais do que já disse até agora e ninguém está disposto a deixar que tudo vaze. Será que ele está mesmo disposto a pagar o preço e viver dignamente a partir de agora, dê no que der?  Ou será que ele já está prestes a embarcar em outros esquemas? Seja como for, a promissória está posta.
Pois é. A conclusão é de que o crime – comum ou de colarinho branco – não vale mesmo a pena. Bom mesmo é sermos o que somos, termos o que podemos ter de forma livre, sem mancha, sem motivos para vergonha de nós próprios. A remissão da imagem é possível, mas pode ser, dependendo do grau de envolvimento, que essa remissão seja póstuma. 
A nova entrevista de Osvaldo vivas foi na TERÊ TV on-line, para o repórter Sérgio Mauro, no dia 18 de janeiro, quarta-feira.

Um comentário:

  1. ÓTIMA SUA MATÉRIA PAULO! EXPRESSA MUITO BEM O QUE UM POLITICO CORRUPTO SOFRE COM TANTAS COISAS ERRADAS QUE JÁ FEZ E ACABA VIRANDO REFÉM DE PESSOAS NADA CONFIÁVEIS E DELE MESMO NO FIM DAS CONTAS.

    CLEITON JOSÉ

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