SEROPÉDICA: UMA LIÇÃO PARA MAGÉ

Ao mesmo tempo em que o site Baixada Fácil noticia uma vitória memorável da cidade de Seropédica sobre a CCR, com a proibição da cobrança de pedágio aos moradores de lá, um blog de Magé causa esmorecimento à população, argumentando que isto não é possível por aqui. O mesmo blog tanto aprecia quanto desqualifica as ações promovidas pelo advogado Darke Júnior Batista, que mais de uma vez expôs sua revolta e conseguiu a adesão popular. Enquanto isso a CRT aumenta suas tarifas, continua cercando de forma imoral o município mageense e manda na cidade. Bem mais do que o poder público municipal. Empobrece a cidade e se torna cada vez mais rica ao cobrar, por exemplo, mais de R$ 67 pela passagem de uma carreta que precise entrar na cidade. Retorno? Nenhum. Só exploração, liberdade para extorquir e ainda a defesa, mascarada, de informativos comprometidos com a inércia dos poderes executivo e legislativo locais, por motivos misteriosos.
Pois bem; voltemos a Seropédica, onde houve a vontade política, a disposição e a coragem de vencer a impossibilidade, o poder econômico e as costas quentes da CCR, que explora aquela área. Onde houve também o engajamento da imprensa local, que se pôs por completo ao lado da população: Na manhã do dia 26 de outubro o prefeito Alcir Fernando Martinazzo comemorou, enfim, a conquista da liminar proibindo a cobrança de pedágio aos moradores da cidade, na Rodovia Presidente Dutra, em São Miguel. Pela liminar, a empresa terá poucos dias para providenciar o cadastramento dos veículos de moradores, emplacados fora do município. O cadastro será feito mediante apresentação de comprovante de residência. Os veículos com placa do município passam a ter esse acesso já a partir da aprovação da liminar.   A exemplo do que ocorre em Magé, essa era uma reivindicação antiga da população de Seropédica, que sempre foi contra a existência de um pedágio que divide o município ao meio. O certo é que os pedágios devem ser postos em divisas de municípios e não dentro deles, como acontece lá e em Magé, que tem nada menos do que quatro praças de pedágio, todas dentro da cidade . Isso mostra que a luta dos mageenses não é vã, e que as ações do advogado Darke Júnior não são ilusórias. O que fere a legalidade pode ser vencido, por menos que interesse a quem possa estar sendo beneficiado além da própria concessionária. Não é fácil, de fato exige muita luta, mas o poder público municipal tem, sim, como enfrentar a CRT por meio judicial. Se isso depende de esferas superiores, que a prefeitura recorra a tais esferas, como ocorre em outras pelejas. O que não pode é cruzar os braços e mandar que seus jornalistas convençam a população a desistir de fazer barulho; incomodar como pode; mostrar sua insatisfação.Nosso discurso vai na contramão do poder público mageense e suas mídias: O povo deve sim, continuar a lutar, os líderes que surgem nesse movimento são bem vindos e a prefeitura pode fazer muito, pois não está isolada do estado nem do país. O que não é de sua alçada ou esfera pode ser buscado por meios legais e expedientes políticos pertinentes. Basta seguir o exemplo de Seropédica, onde o poder público enxergou mais longe; viu essa possibilidade; não teve medo nem preguiça; passou por cima das eventuais vantagens pontuais que pudessem significar a continuação dos danos para a cidade.Estamos aqui incomodando; mexendo com a acomodação conveniente da prefeitura e suas assessorias, em nome da população mageense. Não somos piores do que a cidade de Seropédica. Só temos representantes políticos piores.