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Ele tinha PORTE DE ALMA. De uma
doce alma sempre armada de amor e inquietação, apontada para a cara do sossego
diante das injustiças sociais. Dos desmandos de um país. Das desigualdades que
imperam no Brasil. Foi O cantor e compositor Marcelo Yuka, cujo corpo foi enterrado
no Cemitério de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, domingo 20 de janeiro de
2018, Foi homenageado por fãs que lotaram o local para prestar a última
homenagem.
Como parte das homenagens, Pétalas
de rosas foram lançadas sobre a sepultura, imediatamente após o caixão ser
depositado. Assim como ocorreu durante o velório do cantor, músicas d'O Rappa
foram cantadas em coro durante a última despedida. A última foi "Minha
Alma", um dos maiores sucessos da banda.
"Marcelo era um filho
maravilhoso, era um cara estudioso em tudo que ele fazia. Ele fazia as músicas
pensando sempre em fazer algo que fosse durável e não descartável. Uma coisa
que não fosse muito fácil para ganhar dinheiro, ele não teve aquele dinheiro
que os grandes artistas têm, mas fez uma coisa que o povo tem uma tendência a
lembrar mais. Ele ajudou a modificar comportamentos de muita gente, ajudou
abrir a favela. Uma parte dele era preocupada com o social, o país e jovens. E
a outra parte musical”. Disse emocionado, o pai de Marcelo Yuka, Djalma Santana.
Marcelo Yuka veio a falecer na
noite de sexta-feira 18 de janeiro, vítima de complicações por um Acidente
Vascular Cerebral (AVC). Seu corpo foi velado durante todo o sábado na Sala
Cecília Meireles, na Lapa, Centro do Rio.
Marcelo Yuka nasceu no bairro de
Campo Grande. Lá ele aprendeu a tocar bateria, o instrumento que iria tocar por
muitos anos na banda O Rappa, da qual foi um dos fundadores.
O cantor e compositor BNegão foi
ao sepultamento e falou do amigo, a quem chamou de irmão: “Eu acho que ele
cumpriu o papel dele de forma absurda. Se juntar todos nós que estamos aqui,
não sei se dá ele. Em termos de contribuição pro ser humano, em relação a
quantidade de gente que ele já ajudou. As pessoas não têm noção e vão ter isso
com o tempo. Pra mim, ele é uma sementeira eterna. Agora que o corpo dele se
foi e ele está em outro plano, uma árvore vai nascer e dar frutos por tudo que
ele já fez”.
Até o momento de sua morte, Yuka
estava internado em estado grave com um quadro de infecção generalizada. O
músico sofreu um acidente vascular-cerebral (AVC) no dia 2 de janeiro. No meio
do ano passado, ele já havia tido outro AVC. Ele era paraplégico desde 2000, em
razão de um assalto na Tijuca, na Zona Norte do Rio, ao ser atingido por nove
tiros.
A carreira
Marcelo Fontes do Nascimento
Viana de Santa Ana, o Marcelo Yuka, nasceu no Rio de Janeiro em 1965. Ele foi
um dos fundadores da banda O Rappa. Era o baterista e principal compositor da
banda, até sua saída, em 2001. Chegou ao sucesso na banda, com o segundo disco,
"Rappa Mundi", em 1996. Em 2000, foi atingido por tiros ao tentar
impedir um assalto e ficou paraplégico.
O cantor e compositor escreveu
letras sobre temas como violência urbana, racismo e desigualdades sociais.
"Minha alma (a paz que eu não quero)", "Me deixa" e
"Todo camburão tem um pouco de navio negreiro", por exemplo, foram
escritas por ele. Mesmo estando impossibilitado de tocar bateria, Marcelo continuou
na banda, lançando em 2001 o álbum “Instinto Coletivo”, gravado em um show que
foi realizado antes de ficar paraplégico.No mesmo ano, deixou O Rappa e afirmou
ter sido expulso pelos demais integrantes por não concordar com os rumos da
banda. Logo depois, em 2004, fundou a banda F.u.r.t.o (Frente Urbana de
Trabalhos Organizados), parte de um projeto social que já existia na época de O
Rappa.
Passados cinco anos, Marcelo foi
vítima de outro assalto, no qual levou socos e pontapés de bandidos que
tentavam levar seu carro. Ele chegou a ficar sob as rodas do veículo e só não
foi atropelado porque os assaltantes não conseguiram dar partida, por se tratar
de veículo adaptado para deficientes. Já no ano de 2017, lançou seu primeiro
álbum solo, o CD "Canções para depois do ódio", optando por uma
sonoridade que mesclava batidas eletrônicas e ritmos afro, fruto da parceria
com o produtor e DJ Apollo 9. Os cantores e compositores Céu, Seu Jorge,
Cibelle e Bukassa Kabengele participaram do disco.
No documetário "Marcelo Yuka
no caminho das setas", de Daniela Broitman, lançado em 2012, os
integrantes da banda explicam os motivos para o fim da parceria com o
baterista. Um deles, segundo o vocalista Marcelo Falcão, seria o aprofundamento
da relação do então colega com alguns movimentos sociais."O envolvimento
do Yuka com os movimentos estava mais forte. Tinha a parada dele, do ativista,
de querer ser o melhor para a galera e tal. Só que algumas bandeiras estavam
usando ele." Marcelo Falcão, vocalista de O Rappa, disse que as
composições de Yuka garantiram os maiores sucesso da banda.
"Eu acho que nós perdemos. O
grupo perdeu e ele também perdeu, sabe? Porque um grupo é uma química. Um grupo
você não encontra assim", lamentou Lauro, em um dos trechos do
documentário.

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