Demétrio Sena, Magé - RJ.
Esta campanha eleitoral se tornou também uma campanha para convencer a sociedade a odiar o professor, que sempre foi amado pela mesma, embora nunca valorizado pelo poder público. Temos sido acusados por candidatos, sem qualquer prova, sem nenhum documento nem argumentação embasada minimamente, de transmitir conhecimentos perniciosos e pregar ideologias específicas para os alunos.
Esses candidatos mentem ao afirmar isso, e a fatia da sociedade que se decidiu por tais candidatos não apura, não procura saber por conta própria e se deixa levar; algumas pessoas, por ingenuidade; já outras, por má fé. Ou apenas para reforço de campanha em favor de seus escolhidos. São aquelas que aprenderam com os próprios políticos, a usar truques; deturpar informações; fazer uso de um vale tudo para vencer o que acreditam que seja um jogo e, como membros de torcida organizada, querem que seu time vença; não importa por que meios.
Por outro lado, tais pessoas são as mesmas que não acompanham o desempenho de seus filhos na escola. Não comparecem a nenhuma reunião de pais, podendo ou não. Nunca olham os cadernos dos filhos. Não sabem nem se eles vão mesmo à escola, quando saem de casa rumo a ela. Logo, esses responsáveis não sabem de nada e acreditam em tudo, quando não fingem acreditar para, como dissemos, ajudar seu " time" a vencer. Mal sabem (e isso não sabem mesmo), que essa disseminação do ódio contra os professores e a escola, por parte de seus candidatos/times já é a estratégia de um projeto para acabar com a educação presencial, desempregar milhares de professores e outros funcionários da educação, além de oferecer uma educação péssima, que impedirá o aluno de se tornar um cidadão sociável; crítico; capaz de raciocinar por conta própria, porque há de se formar longe do mundo; das pessoas; dos acontecimentos; das experiências necessárias para sua formação. Um cidadão fácil de ser enganado pelo poder; tão ou mais fácil do que seus responsáveis são, mas esses, com alguma justificativa, por não terem tido as oportunidades que os jovens de hoje têm, com todos os problemas que a educação enfrenta, de estudar em escolas que valorizam o direito individual e a cidadania plena.
A sociedade precisa conhecer a escola. Visitar a escola. Conhecer os professores. Acompanhar a educação dos filhos, ver seus cadernos, perguntar, investigar por conta própria, participar das reuniões de pais/responsáveis e pesquisar nas boas fontes, aquelas que não têm como ser fakes, quais são as metodologias de ensino aplicadas na escola de hoje. Sem isso ninguém terá base nem moral para falar mal da escola e odiar o professor a mando e comando hipnótico de nenhum candidato ou ocupante do poder público que use de tamanha má fé como estratégia presente para vencer a eleição, e futura, para exterminar de vez a educação, coisa que o incomoda tanto, porque forma cidadãos críticos e senhores dos próprios conceitos. A educação é péssima, sim, para quem quer ter o povo nas mãos.
De minha parte, continuarei a falar de respeito, com os alunos. A falar da igualdade como seres humanos e cidadãos, entre pessoas de todas as etnias, classes sociais, religiões, filosofias de vida, gêneros e outras diversidades. Não sou religioso e penso assim; é pena que uma parcela tão expressiva da sociedade, maioria religiosa, não pense. Essa maioria ouve e fala disso o tempo todo em suas comunidades religiosas, mas... na prática, não concordam com a Bíblia nem com O Deus a Quem servem e se dizem tementes. Artigos como este podem valer "minha cabeça" quando novos governantes e parlamentares vingativos, intolerantes, preconceituosos e racistas assumirem o poder, mas não posso negar minha essência em troca antecipada de privilégios como profissional da educação.
Mesmo assim, torço para que, a partir do ano que vem, ninguém me dedure para um possível novo DOPS.
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