Isac Machado de Moura
Dai a César o que é de César e a
Deus o que é de Deus..."
Igreja e estado precisam sempre ser
entidades desvinculadas. O estado precisa ser para todos. A igreja para quem
quer. A igreja, no entanto, precisa ser relevante para a comunidade em que está
inserida; precisa entender e cumprir a integralidade de sua missão. Quando
perguntadas sobre a localização de tal igreja, as pessoas da comunidade,
independente de fazerem parte dela ou não, precisam saber informar onde
fica. Se não sabem, não é relevante.
A igreja (todas) e todos os demais
templos religiosos precisam desenvolver algum projeto social, precisam investir
mais em pessoas do que em templos. Não entendo por que uma igreja precisa
juntar dinheiro. Não entendo o descaramento de alguns líderes fazendo o
discurso do "juntar tesouro nos céus", enquanto acumulam tesouros na
terra, seja em nome da instituição ou em seu próprio nome, o que é mais grave
ainda. Assim, a igreja que junta tesouros aqui mesmo na terra precisa
compartilhar esse tesouro, usá-lo para amenizar as desigualdades que existem na
comunidade ou, na ausência de projetos sociais relevantes, pagar impostos. Por
que não?
Se cada templo religioso desse país
fizer um pouquinho (os "pobrinhos" podem continuar isentos) pela
comunidade em seu entorno, podemos melhorar muito a vida de muitos, com programas
de esportes, de artes, de saúde, de educação. E aí sim, isenção de
impostos.
Bom, a instituição igreja não quer
muito discutir essa coisa de pagar impostos, e por garantia, elege
representantes com o objetivo de tirar isso de pauta em cada casa legislativa
onde tal tema é proposto.
O Cristo era bom em dividir. A maioria
das lideranças cristãs são boas em multiplicar, somar, acumular.
Até mesmo no Velho Testamento, com todo o seu radicalismo, há uma
preocupação com os pobres e estrangeiros, quando se institui os "rabiscos
da colheita". Todo o evangelho é permeado pela política do "tamu
junto", do "tudo para todos", do "um mais um é sempre mais
que dois". Nada, no Cristianismo, que tenha a ver com luxo, tem sua origem
no Cristo. Luxo e suntuosidade e grana e tesouros têm a ver com Constantino, só
passaram a existir no Cristianismo pós-Constantino, que é o Cristianismo do
cetro papal e do cetro pastoral. E esse Cristianismo tem sim que pagar
impostos, assim como todas as outras religiões.
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