Isac Machado de Moura
Sabemos que o Ministério Público é um quarto poder. Independente (e precisa ser assim), acaba tendo deuses, como acontece com o judiciário em geral, seres iluminados, inquestionáveis, inerrantes, prepotentes. Pois bem, os sábios do Ministério Público de Macaé descobriram o problema da falta de recursos para a educação e, claro, determinaram a solução. O problema da folha de pagamento não fechar, claro, é culpa do professor que comia na escola. Nossa! Tão óbvio! Como alguém não pensou nisso antes! Ah se não são os técnicos do Ministério Público. Existem salários altíssimos para trabalhos baixíssimos na prefeitura de Macaé, o judiciário e o legislativo, nesta ordem, só pensam em si mesmos, não abrem mão de nada, de um centavinho sequer de verbas para seus gabinetes. Existem salários absurdos no executivo, mas segundo o nosso heroico Ministério Público, as contas não fecham porque os professores comem na escola. Então veio a determinação que solucionará de vez os problemas da educação e até das outras secretarias: os professores estão proibidos de comerem nas escolas em que trabalham. Com o dinheiro economizado, e não será pouco, a prefeitura implantará em todas as unidades o ponto biométrico para os professores e todos os demais servidores. Professor que vira turno tem até 20 minutos de intervalo, tempo mais que suficiente para ir a um restaurante (sempre tem um grudadinho na escola), almoçar e passar o dedinho na maquininha, de novo, dentro do horário previsto.
Enfim, após 22 anos atuando na educação pública, aí está a solução de todas as dificuldades. Parabéns, deuses do Ministério Público. Acharam, enfim, a solução. Uhhuu... vocês são demais. Agora é só esperar os resultados. Parabéns!
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