quinta-feira, 30 de julho de 2015

JOGOS OLÍMPICOS ENTRE LIXO E COCÔ

Na ocasião da candidatura olímpica do Rio de janeiro, as autoridades cariocas não titubearam em prometer que os jogos recuperariam as águas límpidas e saudáveis do Rio com um programa governamental de US$ 4 bilhões. Qual nada. O velho e histórico problema de esgotos no Rio de Janeiro só piorou, nas últimas décadas. Isto se deve à explosão populacional, que levou muitos dos 12 milhões de habitantes da área metropolitana para as imensas favelas à margem da baía.
Todo o lixo que se acumula deságua em mais de 50 riachos que desembocam na Baía de Guanabara, que um dia foi o orgulho dos cariocas. Um mal cheiro insuportável emana das águas da baía e de suas belas e, aos olhos, paradisíacas praias muito frequentadas em belos tempos, por praticantes de natação. Isso durou até os anos 70, mas hoje não existe a mínima condição. São toneladas de lixo caseiro despejadas todos os dias e nada foi feito para que isso parasse de ocorrer, apesar dos US$ 452 milhões em empréstimos, desde 1993, feitos pela agência de cooperação internacional do Japão, via Banco Interamericano de Desenvolvimento, para esse fim.
Por muitos e muitos anos, nenhuma das quatro estações de tratamento de esgotos construídas com o dinheiro japonês funcionou com plena capacidade, e a estação de Duque de Caxias não tratou nem uma gota de esgoto desde sua construção em 2000 até a inauguração em 2014. Como parte do projeto olímpico, o Brasil prometeu construir unidades de tratamento de resíduos em oito rios, para filtrar boa parte dos esgotos e impedir que toneladas de resíduos caseiros fluíssem para a Baía de Guanabara, mas só houve a construção de uma. 
Mario Moscatelli, um biólogo que passou 20 anos lutando pela limpeza das águas do Rio de Janeiro, resumiu assim, sua decepção: “As autoridades brasileiras prometeram a lua para sediar as Olimpíadas, e, como é de praxe, não vão honrar com o seus compromissos. Estou entristecido, mas não estou espantado”.

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