segunda-feira, 15 de junho de 2015

A VERDADE SOBRE A SAÚDE MAGEENSE


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Encerrou-se no dia 6 de junho, a série de plenárias preparatórias para a 8ª Conferência Municipal da Saúde em Magé. As reuniões pelos seis distritos foram organizadas pela Secretaria de Saúde, acompanhadas pelo Conselho, e tiveram como público-alvo os agentes comunitários de Saúde (ACS), que mais uma vez aproveitaram para fazer suas reivindicações e fazer queixas sobre condições de trabalho, e descumprimento da Lei Federal 11.350. Foram citados casos como do Posto de Saúde da Família (PDF) na Barbuda, onde não há nem cadeira para funcionários e pacientes sentarem. Outro caso que escandalizou a todos, foi o da agente Jaíra Souza, teve que trabalhar grávida até um dia antes do parto, e com sangramento durante toda a gravidez. Isso, porque a perícia da Prefeitura não autorizou a licença, o que é um direito.
Os representantes do governo tentaram responder as questões dos presentes, mas as reclamações dos ACS são as mesmas em todo o município: não existe prazo para a efetivação nem o aumento salarial (eles recebem R$ 740 enquanto por lei o piso é R$ 1.014 e ainda correm o risco de não terem renovados seus contratos semestrais, quando a Lei proíbe contratos temporários). Muitos desses agentes têm que retirar do próprio bolso o dinheiro para a manutenção de seus locais de trabalho e ainda sofrem o acúmulo de função. Eles também denunciam o Sindicato dos Servidores Municipais de Magé, que, conforme afirmam, recebe os descontos das folhas de pagamento mas não luta pela causa. Quanto aos clientes, estes sofrem com falta transporte, exames, demoras no atendimento, falta de equipamentos necessários nas ambulâncias do SAMUR e nos hospitais, levando a muitas transferências para Duque de Caxias, Teresópolis e Petrópolis, para procedimentos nem tão complicados, mas que se complicam depois.
MÉDICOS NÃO QUEREM SABER DE MAGÉ
O próprio secretário e também presidente do Conselho Municipal de Saúde, Sidney Cerqueira admite que o setor de saúde está precário em Magé. Ele mesmo não esteve presente no evento, mas enviou seu representante, o auditor Carlos Cantalice, que reproduziu seu discurso e prometeu somar "todo o diagnóstico situacional para ver o que não está funcionando e de que forma se pode resolver”. Cantalice reconheceu a dificuldade para contratar médicos, por causa da distância. Isto se soma a outras dificuldades como a tarifa cara do pedágio. "O ideal seria ter um médico para cada um dos 62 PSF. Porém, a realidade é que tais profissionais têm que se desdobrar em mais de uma unidade, e acabam não dando conta de suprir a toda a demanda".
A diretora do Hospital de Magé, suplente do Conselho e ex-secretária de Saúde no município, Marilene Formiga, disparou: “o hospital de Magé não tem nenhuma ambulância mas serve de garagem para elas”, “Magé tem que comprar um ônibus para levar pacientes que fazem tratamento fora da cidade, quando o exame é perto, e eu mesmo levo no meu carro”. Ela atacou a falta de planejamento e fez menção à necessidade de Seleção Pública para a categoria. Por fim, fez um apelo para que, na Conferência do dia 20 (da qual ela é a coordenadora-geral), os delegados votem contra a terceirização do Sistema Único de Saúde, lembrando que a Conferência é preliminar para as etapas estadual e nacional.
Marilene também comentou a demora na entrega de exames em Magé, cujos laboratórios campeões de críticas, segundo os ACS, são do Lace e da Clínica Cidade. Esta última, se comprovado que o prefeito Nestor ainda possui cotas de sua diretoria, pode ter ainda sérios problemas. Ao que consta, Nestor vendeu por R$ 2.600 a sua participação na empresa, assim que se tornou prefeito. A Clínica Cidade vem sendo criticada pelos ACS pelo fato de as coletoras de sangue não fornecerem o material necessário, como agulhas e seringas, e só atenderem no horário das 7h às 8h no PSF do BNH, enquanto nos demais locais o atendimento é mais amplo.
Ao mesmo tempo em que atendem mal, os laboratórios citados também são recordistas, junto com a Cenefro, em receber verba municipal. Só em 2013, o Lace recebeu R$ 2.832.327,53, por exames como os de hemograma completo, que levam um ano para ficar prontos, de acordo com os próprios ACS. O Cenefro, no mesmo período, ficou com R$ 4.402.492,39, e a Clínica Cidade recebeu R$ 495.407,55, também em 2013, por exames pedidos nas unidades de Saúde da Prefeitura. Como pôde ser apurado junto ao Conselho, o total gasto com exames em nome da Prefeitura, somente naquele ano, foi de R$ 19.005.954,09.
NR. Em suma, o que realmente falta na gestão Nestor Vidal é a vontade política tão ferrenha quanto ele demonstrou na sua campanha para prefeito de Magé. Quando candidato, ele se comprometeu a dar total prioridade à saúde, reconhecendo os problemas do município neste setor. No entanto, sua prioridade tem sido o rebocamento arbitrário de veículos na cidade, o que gera lucros que nunca sabemos onde são aplicados depois. Arbitrariedade que não impede abusos como calçadas ocupadas por mercadorias e cadeiras de casas comerciais, carros de ocupantes e amigos do poder estacionados onde bem querem, nem direcionam verba para reforma dos prédios ainda novos das escolas municipais, que já estão ruindo, entre outras medidas que beneficiariam a cidade e seus moradores.

Informações e imagem: Site O Mangue

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