segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

JOVENS DE COMUNIDADES PACIFICADAS CANTAM NA CANDELÁRIA


A acústica da Igreja da Candelária aumentou a emoção do Concerto de Natal, realizado no dia 14 de dezembro, domingo, como parte das celebrações de fim de ano do tradicional templo religioso do Rio. O evento contou com a participação de cem jovens, com idades entre 6 e 17 anos, de 19 áreas com UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora). Eles fazem parte da Orquestra Infanto Juvenil das Comunidades Pacificadas, que integra o projeto Ação Social pela Música. A iniciativa recebe o apoio do RIOSOLIDARIO – Obra Social do Rio de Janeiro.
- O Ação Social pela Música do Brasil nasceu há 18 anos em diferentes estados. No Rio, foi iniciado há pouco mais de cinco anos, junto com o processo de pacificação das comunidades. O objetivo da iniciativa é educar esta juventude pela música – explicou a  diretora do projeto, Fiorella Solares.
Além da Orquestra Infanto Juvenil das Comunidades Pacificadas, participaram do Concerto de Natal da Candelária o Coro da Rocinha, o Coro Escola Alemã do Corcovado, a maestrina Valéria Corrêa, o regente Edvan Morais e a Orquestra Infanto Juvenil de Petrópolis.

- Está é uma grande oportunidade para que os jovens se apresentem. É um concerto tradicional e uma boa oportunidade para cada um deles mostrar tudo o que foi ensinado durante o ano. Aprender a tocar um instrumento aumenta a autoestima e estimula a disciplina - afirmou Fiorella.

 
No repertório do concerto, estiveram as canções "Over the rainbow", de Harold Arlen; "As cordas conhecem os mestres", de Beethoven/Dvorak/Tchaikovsky; "Abertura William Tell", de Rossini; e "Aquarela do Brasil", de Ary Barroso.


Um novo olhar para o mundo
Para Lícia Barbosa, coordenadora do núcleo da comunidade Santa Marta, em Botafogo, a introdução da música clássica na rotina da comunidade não modificou apenas a vida do jovens aprendizes.

- Antes da pacificação, as conversas da comunidade giravam em torno da violência. Com o início do projeto musical, me pego escutando moradores conversando sobre Beethoven e Tchaikovsky – disse a coordenadora.

Há dois anos, levado para o curso por amigos, Saulo Oliveira, de 13 anos, conta que, somente este ano, já levou outras três pessoas para participar do projeto.

- Um conta para o outro o que aprendeu a tocar e convida. Eu fiquei completamente apaixonado pela viola. Quando estou tocando parece que o tempo para e somos apenas eu e o meu instrumento. Os problemas somem é a vida fica melhor – afirma o jovem morador da comunidade da Babilônia, no Leme.

Moradores do Complexo do Alemão,  Amanda Acosta, de 16 anos, e Natanael de Jesus, de 14, pretendem seguir carteira como musicistas. Ela toca violoncelo há três anos e ele, viola há dois.

- O contato com a música muda o jeito de ver a vida. Me acho mais paciente, disciplinada, trabalho melhor em equipe - explicou Amanda.

Já Natanael vê na música uma forma de liberar emoções.

- Minha mãe fica tão animada quando me vê tocando em concertos que até chora. Acho bonito. Lá em casa, meus pais não tinham contato com a música clássica - contou Natanael.

A aposentada Maria Luiza de Almeida estava na plateia do Concerto de Natal da Candelária. Ela fez questão de sair do bairro do Sulacap para assistir à apresentação e afirmou estar voltando para casa muito emocionada. 

 - Achei maravilhoso o trabalho destes meninos. O projeto toca a sensibilidade dos jovens. Faz com que eles despertem e valorizem a arte- disse a aposentada.
Pauta: Núcleo de Imprensa do Governo do Governo do Estado do Rio de Janeiro. Foto de de Marcelo Horn

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