sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Artigo - O PODER DA ÉTICA

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Usava de todos os artifícios para tumultuar a vida do ex-cônjuge, com o qual tinha um filho de 11 anos. Além dos inúmeros truques que dificultavam a comunicação, quando ela estava com o filho, ainda criava inúmeras situações como inventar motivos para dizer desaforos com os quais tentava travar bate-bocas. Tentava, mas o ex-cônjuge sabia se conter; tinha calma e zelo pela ética e os bons modos, mesmo quando a tinhosa tinha coragem de ligar a cobrar, com o único objetivo de gritar impropérios. Ele atendia, ouvia tudo em silêncio, até o momento em que ela batia o telefone, para não ouvir a resposta. Uma resposta que ele não daria mesmo, porque não valia o seu esforço.
Com o tempo, o filho começou a se revoltar com a mãe, o que era natural, mas a mãe não entendeu a mensagem da natureza, e ainda se viu no direito de acusar o ex-cônjuge de falar mal dela, quando estava com a criança. Louca por uma confusão, a mulher nervosa foi cobrar satisfações. Mais uma vez com calma, o sujeito explicou que jamais falara mal. Que ao contrário, fazia de tudo para minimizar a revolta da criança, justamente falando bem. Muitas vezes até justificando as atitudes maternas com explicações bem difíceis, porque no fundo, não havia de fato justificativa.
Mesmo sem saber, aquele homem mentiu para a ex-mulher. Ele falava mal, sim. Sem querer, mas falava. A cada vez que o pai passava o telefone para o filho e ponderava: “Filho; ligue para sua mãe, pois ela deve estar tentando falar com você...”, o menino fazia, no coração e na mente, suas comparações. Toda vez que o pai falava bem da mãe, o menino se lembrava das vezes em que a mãe falava mal do pai. Sempre que o pai cumpria regiamente uma palavra dada à mãe, a criança recordava o número de vezes que a mãe faltou com a palavra dada ao pai. Ao ver o pai ponderar diante dos desaforos, inclusive quando ela ligava a cobrar para dizer tais desaforos, a comparação do filho era inevitável. Com a comparação, a revolta, sem qualquer tentativa paterna.
Ser honesto, ponderar, jogar limpo, ter calma, não aceitar provocações nem ser vingativo foi o que levou aquele homem a depor eficientemente contra aquela mulher. Ele não precisou pronunciar palavras... nem olhares e silêncios para seu filho. Ter postura, bom senso, ética e respeito era o quanto bastava para que sua imagem fosse a melhor possível perante aquela criança. Era dispensável qualquer discurso. Bastava ele ser do bem, para falar mal dela. 

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