terça-feira, 26 de novembro de 2013

A TODAS AS PESSOAS DIGNAS DE RESPEITO

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Recebi do cientista político e professor Luís Claudio de Oliveira (foto abaixo), de quem fui colega de trabalho no Colégio Estadual Alcindo Guanabara, em Guapimirim, uma mensagem que ele compartilhou com pessoas específicas e outras a quem se referiu como dignas do seu respeito. Luís não pediu espaço no REDATOR. A difusão do seu texto via e-mail foi apenas o desabafo de um cidadão consciente que faz bom uso da mídia (inclusive das redes sociais, tão desperdiçadas com futilidades e confidências familiares e amorosas desnecessárias entre outros assuntos que não interessam ao público), para contribuir com a busca de um mundo melhor. Certo; ele não pediu espaço; mas todos hão de convir que o texto abaixo merece a leitura desta sociedade que precisa muito refletir sobre seus valores.

Conheci Guapimirim em 2002 por intermédio do atual secretário municipal de meio ambiente, meu amigo e companheiro Luiz Fernando Saraiva.  Na ocasião éramos alunos de um curso de pós-graduação em educação ambiental na UERJ. 
Em 2003, completamente apaixonado pela cidade, decidi trazer a família para viver aqui. Transferi imediatamente o meu domicílio eleitoral e minha matrícula de servidor público estadual, tornando-me cidadão local.
Já no ano de 2004, vivenciei a experiência política local de me engajar num grupo que punha uma candidatura ao Executivo municipal, na oposição ao então prefeito Ailton Vivas e também ao ex-prefeito, que se elegeria, Nelson do Posto.  Em 2008 e 2012,  seguindo minhas convicções, fui para as ruas denunciar as práticas do autoritarismo e da falta de transparência na gestão pública, e apelar para a consciência da população quanto a necessidade de eleger representantes com o compromisso de investir, de verdade, nos princípios quem deram norte ao movimento emancipatório de Guapimirim, especialmente na participação popular nas decisões que interessam ao desenvolvimento econômico da cidade
No curso do tempo, adquiri propriedade, construí intensa rede social e fiz grandes amigos e amigas. 
Meus filhos, que à época eram crianças, o mais velho encerrou o ensino médio e foi estudar e morar em Campos, por falta de opção em Guapimirim. Atualmente, havendo conseguido transferência para a mesma universidade em Niterói,  leva de cinco a seis horas diárias em condução para ir e regressar.  Minhas filhas, que concluirão o ensino médio no próximo ano, assim como a caçula que ingressa no ensino médio igualmente em 2014, já fazem planos para mudar de cidade em função da realização profissional.  É provável que todos os meus filhos estejam futuramente vivendo fora da cidade onde criaram suas raízes. 
Mas, afinal, não será surpresa se meus filhos se forem, todos, pois, a maioria dos meus alunos e alunas que desejam realizar sonhos de consumo de bens e serviços costumeiramente deixam a cidade, e muitos não retornam.   Os que aqui ficam, boa parte vão, pouco a pouco, construindo as sabidas referências de subserviência que identificam as relações locais entre poder estatal e indivíduos ou famílias.   
Noite dessas, durante uma abordagem, em sala de aula, sobre cidadania, movimentos sociais e participação política, um de meus alunos, ao ouvir as críticas de um outro acerca da manipulação que candidatos a cargos no Executivo e Legislativo exercem sobre os eleitores ávidos por benefícios, que já aprenderam que só se conquista durante o período eleitoral,  dizia:  “professor, eu não tenho nada a reclamar... até a minha mãe que tava há muito tempo sem trabalho hoje está empregada, a minha família toda está empregada”.  Ele (este meu aluno) se referia aos empregos na prefeitura que garantiram a melhoria social dele, indivíduo, e de sua família.
Então, creio que possuímos três horizontes de juventude em nossa cidade.  Um horizonte é preenchido polos jovens de classe média descrentes nas possibilidades futuras de sua cidade, e que em geral não se envolvem com as lutas políticas locais.  Um outro horizonte é iluminado pelos jovens de classes populares que são influenciados pelas reflexões presentes na praça do faceboock, em determinados contextos familiares onde o debate político é valorizado e nas brechas criadas no currículo escolar por certos educadores.  Ainda um terceiro horizonte é fortemente marcado por jovens que se movem ao sabor dos acontecimentos, não na condição de sujeitos críticos, mas, muito pelo contrário, como agentes das práticas herdadas de pais e amigos dos pais que, igualmente na juventude, aprenderam a trilhar os caminhos mais ligeiros para a sua fixação nos quadros da elite política local, que estupra a memória política do movimento pela emancipação.    
Acredito que seja maioria essa juventude que não enxerga saídas para a ascensão social diferentes daquelas que se cristalizaram como a cultura política dominante em Guapimirim: a do clientelismo e mercantilização do voto.   É o que venho dolorosamente assistindo a cada pleito, quando vejo essa juventude nas ruas se encharcando de latas de cerveja e garrafinhas de refrigerantes alcoólicos generosamente oferecidos pelos candidatos, muitos deles também jovens, inclusive alguns que efetivamente conquistaram cadeira na Câmara de Vereadores.
Espero que os agraciados com os Títulos de Cidadãos Guapimirimenses pela prestação de serviços relevantes à cidade, sintam o peso da responsabilidade da titulação e nos proponham novas referências para a realização social dessas juventudes, na nossa cidade. Não deposito minhas esperanças nos personagens de longa trajetória e já aconcavados diante das práticas deste lugar, mas, talvez, nos recém-chegados  Que estes levem em consideração, nos seus juízos de valores, mais o que se vê no cotidiano, para além das salas climatizadas, do o que se ouve pelo canto das novas velhas cotovias.
Luís Cláudio

6 comentários:

  1. Prezados amigos do O Redator, resumindo tudo o que o professor Luís Claudio de Oliveira escreveu, as mazelas de um país estão totalmente ligadas a educação de baixa qualidade ou a falta dela.

    Lendo os livros de Laurentino Gomes sobre a história do Brasil (1808, 1822 e 1889), em vários trechos há comentários de estrangeiros que chegaram por aqui e que ficaram impressionados com a miséria e com a falta de instrução do povo brasileiro.

    Nossos governantes de hoje, seguem os passos dos governantes de ontem, pois, um povo sem instrução, é presa fácil para políticos, principalmente em tempos de eleições. Contra a falta de trabalho, contra a falta de instrução e contra a fome, não há muito o que ser feito. A corrupção impera.

    O que se fez tanto em Magé como em Guapimirim nos últimos anos foi, trucidar a educação (os números do IDEB não me deixam mentir), não incentivar a criação de postos de emprego (os números do IDH não me deixam mentir) e transformar a prefeitura na maior empregadora do município. Tudo isso, com o intuito da perpetuação de determinados clãs no governo das duas cidades. E infelizmente, deu certo.


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  2. Essa situação assim se resume: Por que trazer grandes empresas, Universidades, SESI, SENAI, FAETEC, etc. para Guapimirim e Magé? Para tornar o zé povinho letrado e inteligente? Ora, em Magé e em Guapimirim, algém já disse isso aqui, não se vive, e sim se VEVI! É claro que o Poder Público (Prefeituras) quer sempre ser o maior empregador. As razões para isso são bem claras, só cego não vê. Esses dois municípios, que me perdoem os mais apaixonados, mais parecem cidadezinhas do interior do nordeste, vixe!

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    1. Com todo respeito meu camarada, Magé e Guapimirim realmente precisam de muita coisa para chegar perto de serem cidades decentes, porém, com certeza não precisam de um comentário desrespeitoso, deselegante e deseducado como este que você postou.

      Zé povinho? VEVI? Cidadezinha do interior do nordeste? Onde você vive, ou melhor, em que país você vive?

      O que você chama de apaixonados meu caro, são pura e simplesmente moradores querendo ver as coisas mudarem e que não tem vergonha de dizer, EU SOU MAGEENSE!

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  3. Mas existe uma grande e saudável diferença entre as cidadezinhas do interior do Nordeste e Magé e Guapimirim! É que as cidadezinhas do Nordeste NÃO são reiteradamente visitadas pela DRACO e pela força Tarefa do Ministério Público. Que me perdoem os sofridos e humildes moradores dessas duas cidades, mas Magé e Guapimirim chegarão a lugar nenhum. Está com inteira razão o 2º anônimo, ainda que o terceiro anônimo tenha se "ofendido". A verdade sempre dói, 3º anônimo! Uma pergunta, 3º anônimo: Onde estão os responsáveis pelas mortes de todos os políticos que foram assassinados em Magé e Guapimiirim? Na cadeia é que não estão...! Ainda bem que, embora sendo filho de família conhecida em Guapimirim, eu não resida mais ali.

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    1. Anônimo das 03:30hrs do dia 29 de novembro, a verdade para mim nunca dói, muito pelo contrário, ela é e sempre será muito bem vinda. Só não sei a que verdade você e o outro anônimo se referem. Se é a de que Magé e Guapi não são hoje, cidades boas de se viver, isto infelizmente, não é novidade para ninguém e ninguém está aqui a dizer o contrário. Agora me digam, o que é viver bem para vocês? Onde se vive bem hoje no Brasil? Onde os responsáveis por mortes, por corrupção, por assaltos e seja lá por que razão for, estão na cadeia hoje no Brasil? O mensalão é um dos exemplos da impunidade a que você se referiu e até onde eu sei, nenhum dos envolvidos é de Magé ou de Guapi.

      Eu me rendo, não vou ficar aqui a discutir com duas pessoas que são contra o direito do dito "Zé Povinho" de ter educação, de ser letrado e de ser inteligente e que só porque é de família conhecida, se acha no direito de esculachar toda uma cidade e todo um povo só porque, pelo que tudo indica, teve melhores oportunidades na vida.

      Fiquem com Deus e revejam seus conceitos.

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  4. E olha que, segundo alguns comentários locais, até o ilustre jornalista dono deste bog já teria sido vítima de tentativa de assassinato dentro de sua casa! Essas cidades, que me perdoem todos os mageenses e guapienses, não podem de fato serem decentes e civilizadas... AINDA ESTÃO APURANDO OS SUCESSIVOS ASSASSINATO OCORRIDOS EM MAGÉ. NEM OS ADVOGADOS ESCAPAM!

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