Pelo simples fato de homenagear
Francisco de Assis, Mario Jorge Bergoglio sinalizou que aceitava o compromisso
de ser Papa, com o intuito maior de servir antes de ser servido, a exemplo de
Jesus, que nos deixou as Boas-Novas do Evangelho como guia moral para o nosso
reencontro com Deus. Numa das belas narrativas descritas pelo evangelista João,
em texto bíblico, o Mestre Nazareno se ajoelhou à frente de Pedro para lhe
lavar os pés. Uma ação de humildade que demonstra a essência de um espírito
superior, cuja a claridade está na compaixão direcionada ao próximo. O resumo
deste ato pode ser lido na seguinte poesia, que abre portas para a vida
espiritual, na carta do apóstolo Tiago: "mostra-me a tua fé sem obras,e
eu, através das minhas obras, te mostrarei a minha fé". Não apenas o líder
da Igreja Romana, hoje cercado de holofotes, tem essa missão. As pessoas não
podem se eximir de suas responsabilidades junto a Suprema Providência.
No fundo, a presença do Papa, em
si, desperta a alteração dos padrões da consciência coletiva, que num ato
irmanado de esperança e fé passa a vibrar amor. Nessa nova realidade, as
formas-pensamentos tão sobrecarregadas no dia a dia, por ideias e sentimentos
terrenos recebem o sopro do Cristo Redivivo, que dá ao espírito infinitas
possibilidades de se reanimar perante o caos do ego. Daí, em meio às ruas, o
choro dos passantes, a comoção das mães e a alegria das crianças. Pela força
transformadora de sua natureza divina, os homens modificam a qualidade dos
fluídos que lhes cercam, na atmosfera, e provocam um fenômeno de elevação
vibratória, através de comandos mentais.
Com base nos ensinamentos
espirituais, creio, em verdade, que o homem não precisa esperar por eventos
atípicos para viver melhor e se extasiar com as bênçãos de Deus, presentes em
todo orbe e acessíveis à Humanidade, sem hipótese de serem privilégios da
individualidade de alguém. Quando o Papa se for, todo carinho dedicado a ele
pode ser dado a um irmão que vive ao lado: caridade em silêncio, livre de
ostentação, com pouco valor para os olhos, e grande brilho para a alma.
Lembremo-nos das palavras de Jesus, em Seu Santo Evangelho: "Eu sou o
caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim". O
"Mártir da Cruz", nesta passagem, não quis personalizar a trajetória
da evolução humana em Sua pessoa; isso contrariaria, inclusive, a humildade
contagiante que tanto pregou; no fundo, o "Sublime Peregrino"
alertava-nos para o estado de consciência crística ao qual Ele alcançou através
do amor, da caridade e do perdão absoluto. Há 2000 mil anos, em meio a uma
atmosfera densa, cercado por reis tiranos, homens incrédulos e venais, Jesus
fez acender a luz do Cristo interno- presente em todos os homens - e realizou
prodígios de cura e evangelização. Pois, é justamente o celestial Evangelho, o
tratado Cósmico de evolução das almas, dado que nenhuma criatura pode
"chegar ao Pai" sem misericórdia, brandura, pacifismo, amor e
caridade. Por isso, Jesus "é o caminho, a verdade e a vida". Outros
homens, como Elias, Buda, Francisco de Assis, Chico Xavier, Madre Tereza de
Calcutá, Vicente de Paula, Krishna e Gandhi alcançaram essa máxima, em
diferentes religiões, ao expandirem as suas, dilatando as fronteiras do coração
para reconhecer nos homens, aparentemente diminutos, a presença de Deus. Eis,
então, que ninguém pode ir ao Pai sem servir os filhos.
O Papa segue sua caminhada;
façamos o mesmo: sigamos a nossa, em busca da reforma íntima, que regenera a
alma. Não é do dia para a noite que nos tornaremos discípulos tal qual Mateus,
Pedro, Paulo, Marcos, João, Lucas... mas só depende de nós acreditarmos. Não
foi em vão que Jesus nos disse ser a fé capaz de mover montanhas: não aquelas,
gigantes paisagens naturais, mas os pesados dramas morais que carregamos em
nós. Como alento, dizem-nos os espíritos que a fé, antes de tudo, é de
"origem divina", e não está subordinada ao pagamento com ouro ou
prata; é o dom de Deus que jamais pode ser alvo do comércio, sendo negada a
qualquer homem essa atividade mercantil, sob o risco certo de fracassar perante
as Leis Universais do Criador, que a tudo rege com soberana justiça,
respeitando o livre-arbítrio e o merecimento de cada um.
Ricardo
Augusto Abreu Walter Filho
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