quinta-feira, 8 de agosto de 2013

AINDA SOBRE A DISFUNÇÃO FUNCIONAL

Paulo César dos Santos

Coincidências da vida: ontem mesmo, pensava sobre a forma desagradável de atendimento nos setores da municipalidade mageense. Sobre como são tratadas as pessoas simples que procuram a prefeitura e seus órgãos para resolver as mais diversas questões. Passam por constrangimentos, têm seus acessos dificultados, explicam para cada pessoa que lhes surge à frente o que vão resolver, chegando a repetir seus enredos e agonias para quatro, cinco, mais pessoas. São enviadas de um setor para outro, como se fossem joguetes, e na maioria das vezes não resolvem seus problemas na primeira, segunda, terceira, e às vezes nem na décima vez, quando resolvem. Problemas que vêm de cima. Dos primeiros escalões da municipalidade. O executivo não orienta, ninguém orienta o executivo, as assessorias agem como estivessem acima do bem e do mal, e assim o povo sofre secularmente, buscando soluções simples, que lhes apresentam como complexas, quando não insolúveis.
Sobre as tais coincidências: pensava nisso, quando me deparei com o artigo do nosso colunista Demétrio Sena, que por ser pessoa muito simples no se vestir e apresentar, apesar de sua bagagem como educador, escritor e homem de mídia, teve grande dificuldade para simplesmente entrar no Colégio Estadual Alda, de Piabetá, onde foi apenas entregar o documento de licença médica de uma professora do estabelecimento. Ele me disse, depois, que foi preciso abrir mão de suas boas maneiras, para fazer algo tão simples, pois o porteiro entrara e saíra várias vezes na sala de direção, para repetir o recado de que aquele documento só poderia ser entregue uma hora depois, por simples questão de burocracia.
Eis o artigo, que retrata o que vejo no dia a dia da população mageense, com agravantes, quando precisa dos serviços públicos municipais pelos quais paga com impostos pesados.

DISFUNÇÃO FUNCIONAL

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Existe uma linha tênue que separa o estritamente profissional do desumano. Romper essa linha pode nos transformar em admiráveis máquinas ou monstros sociais politicamente corretos... irrecuperavelmente corretos.
Assim como o ser humano tem que ser profissional no exercício de suas atribuições laborais, o profissional não pode se afastar do ser humano que é. Funcionários funcionam perfeitamente, sem abrir mão de ser pessoas... servidores não servem para nada, se não forem gente... gente que serve. Que extrapola o convencional. Sabe a hora de ser ou não estatutário, pois não perde a sensibilidade... tem paixão pelo próximo, e sabe que o próximo é aquele conhecido ou estranho que o momento lhe apresenta ordinária ou extraordinariamente. 
Ser intransigentemente frio, impessoal, padronizado, específico e longínquo do seu público alvo não é ser funcionário nem servidor. Além de máquina ou monstro, é ser um escravo manso do complexo a que pertence...

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