quinta-feira, 15 de novembro de 2012

ARTIGO

A VIA-CRÚCIS DO LIVRO LIVRE

Demétrio Sena, Magé - RJ.


Chegamos ao ponto em que os ambientes que mais rejeitam livros livres e "livradores", quando podem fazê-lo, são as escolas. Exatamente as escolas, que têm a função de fomentar a leitura, principalmente a não obrigatória e oficial, para contribuir com a formação de cidadãos leitores... leitores por prazer, porque terão aprendido que a leitura não é uma obrigação; que o livro não é uma canga, uma ferramenta de tortura nem objeto de capricho formal imposto pelos que mandam.
O grande problema, origem do mal supremo deste século é que o preconceito contra os livros livres e os "livradores" (aqueles que plantam, editam e principalmente os que distribuem livros não adotados formalmente) não se manifesta no aluno, que só é a vítima terminal dessa cadeia contra o saber democrático. Tal preconceito é parido no poder público central; depois imposto às secretarias de educação e coordenadorias de ensino. Logo à frente, adotado pelas direções escolares e os professores. Os alunos, a depender da escola, nem chegam a saber que existe a leitura extra-quadro... O livro não receitado como paliativo amargo; "remédio sem remédio".
É preciso ruirmos a ignorância dos que regem, coordenam, distribuem ou vendem o ensino. Também é preciso que se vença o esquema de favorecimento e corrupção entre as editoras apadrinhadas pelos poderes e os grandes executivos da educação. Sobretudo, é urgente que os educadores essenciais (docentes e diretores escolares) assumam a identidade que lhes cabe, de educadores essenciais, e se permitam educar além do formal; do formol; da fossilização. Quebrem o gelo e o gesso estabelecidos pelos primeiros escalões, ainda que às vezes isto signifique um risco aos seus postos de possível confiança política.
O que esses educadores, das redes públicas e privadas não podem é continuar absorvendo e reproduzindo a ignorância e a ditadura daqueles superiores hierárquicos cujo compromisso não é exatamente com a educação. É, acima de tudo, com o poder, com o próximo pleito eleitoral e o monopólio das editoras que financeiramente os recompensem mais.

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