terça-feira, 13 de março de 2012

SOBRE MATÉRIA POLÊMICA RECENTE

Demétrio Sena, Magé – RJ.

Qualquer projeto ou emenda que vise algo de alguma forma danoso à população, especialmente ao trabalhador, tem seu texto “devidamente” truncado. Com esse expediente os autores se calçam de modo a poderem retroceder mais tarde, conforme a repercussão negativa. Daí surge a explicação mais comum, de que houve má interpretação. O passo adiante será retirar de pauta o assunto polêmico, sem deixar vestígio; afinal, tudo pode pesar nas próximas eleições.
Ainda pesa nas más lembranças, nas feridas econômicas e nas frustrações de milhões de brasileiros as últimas medidas da gestão do então Presidente Fernando Collor de Mello, que mexeu em algo sagrado para o povo trabalhador: Sua caderneta de poupança. No entanto, os textos anteriores eram truncados e as falas públicas do presidente eram de que a população podia ficar tranquila, pois nada se tramava nesse aspecto. Da mesma forma, os órgãos de mídia publicavam matérias e matérias desfazendo os “boatos” de que a poupança do brasileiro seria violada. Como na época a população era bem mais dócil, para não dizer obediente, e não tinha “mídia própria”, fez-se o silêncio desejado pelo poder público, e pouco tempo depois o golpe: Já em cima da hora, de modo que ninguém mais tivesse tempo de correr aos bancos para fazer suas retiradas, o governo federal anunciou a confirmação dos “boatos”: A caderneta de poupança de cada brasileiro estava confiscada. A palavra confiscada é por minha conta, pois foram usados vários eufemismos ou tentativas de paliativos, como se fosse doer menos.
Se todo aquele processo tivesse ocorrido hoje, nestes tempos de internet ao alcance de todos, os benditos e-mails em massa teriam feito alarde antecipado, com todos os seus excessos ou arroubos. A população faria uma corrida desenfreada aos bancos, as próximas campanhas eleitorais estariam seriamente comprometidas, e ocorreria o que já sabemos: os autores dos textos ou discursos convenientemente truncados viriam a público dizer que tudo não passou de má interpretação, aqueles que assumiram os riscos de alertar a população seriam desqualificados e dias depois tudo seria retirado de pauta, sem restar nenhuma pista. Quem insistisse depois no assunto certamente seria enxovalhado, “perdendo pontos” para os órgãos de mídia cujo maior projeto é “ganhar pontos” com o poder público ou com os seus maiores patrocinadores.
Enalteço as “lendas urbanas” que invadem a web da noite para o dia e “cercam” as possibilidades de qualquer ato oficial – embutido em brechas da lei – contra o povo, fazendo com que muitos deles, os reais, não ocorram. Enalteço, e depois de conferir de onde as tais lendas vieram, mesmo com textos e discursos truncados que depois serão desfeitos sem deixar pistas, dou meu jeito de alertar a quem puder. Corro meus riscos, até mesmo porque nunca vivi em nenhuma zona de conforto, esperando que tudo fosse mastigado para só depois eu vomitar. Os riscos fazem parte de minha vida e foram muitas as minhas convicções rebatidas; foram muitas as provas contrárias que arranjaram contra mim, como foram muitas as oportunidades que dei aos meus opostos de dizerem, felizes da vida: “Viram? Fui mais esperto do que o Demétrio Sena.”. Quase sempre foram mesmo, porque a esperteza – dentro do contexto desses “espertos” – nunca foi o meu forte. Essas pessoas são raposas que sabem como amoldar as situações de acordo com suas conveniências. Ademais, não me custa nada lhes dar essa honra ou alegria.
Sempre que alguém vir um texto aparentemente irresponsável por aqui, tenha certeza de que esse texto é meu. Os textos do editor e proprietário do REDATOR são sempre mais coerentes, embasados e com alto nível de ponderação. No meu caso, às vezes minha publicação nasce de uma chamada lenda urbana à qual tive acesso, logo após fui em busca das possíveis fontes, achei algo que na minha interpretação tinha fundamento e corri o risco: Pus na “rua”. O Paulo César dos Santos, como jornalista bem mais experiente do que eu, que não sou jornalista, sempre me repreende, manda retirar o texto, ameaça nunca mais me deixar escrever, e assim o faço: Retiro, mas o recado já foi dado, mesmo que o Paulo tenha tido alguns constrangimentos.  
Foi o que ocorreu com matéria polêmica recente, de interesse popular. Assunto que do dia para a noite rendeu as mais diversas explicações do poder público nacional e depois escafedeu. O que faltou na citada matéria foi a minha assinatura. Talvez a tenha escrito apenas para dar a um velho amigo a honra de rebatê-la e dizer em público, mesmo em outras palavras e sem citar nome: “Viram? Fui mais esperto do que o Demétrio Sena.”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário