segunda-feira, 31 de outubro de 2011

QUANTO CUSTA SER VITRINE

Demétrio Sena

Quando sofremos críticas pelo insucesso de um ato ou projeto que diz respeito à coletividade, não somos injustiçados. É que mesmo imperfeitos - ou falíveis -, temos como atribuição o acerto, não a falha, quando aquilo que fazemos obrigatoriamente se reflete no próximo. Ninguém contrata, convoca, escolhe ou elege um líder ou profissional para falhar.
A crítica é certa, e o elogio não, porque aquela recai sobre quem deixou de realizar seu propósito. Quem não correspondeu às expectativas que o cercam. Em outras palavras, não cumpriu sua obrigação. Já este, o elogio, nem sempre ou quase nunca ocorre, por uma razão evidente: Quem acerta não faz mais do que simplesmente cumprir seu ofício, promessa, obrigação ou contrato. E ainda que o tenha feito brilhantemente, apenas correspondeu ao que se espera ou exige do ser humano vitrine: Dar o máximo de si; do seu talento; superar a si próprio.
Quem é político, artista, escritor, desportista, repórter, modelo, apresentador de programa ou similar tem que ter estrutura emocional. Aceitar a imensa carga de críticas quando falha ou desagrada, e os elogios escassos (ou nenhum) quando acerta; brilha; dá show.
Ser pessoa pública ou líder é assumir as entrelinhas do contrato, estatuto ou regimento nas quais estão previstos os imprevistos - e até os massacres - inerentes a sua exposição. Sobretudo, é ter consciência de que a crítica é a única atribuição infalível do ser humano em relação ao outro. Uma pena que tão somente em relação ao outro.

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