Antonio
Pastori*
Uma reportagem recente abaixo do padrão
de qualidade Globo, que foi ao ar no dia 17 de janeiro no jornal Bom Dia Brasil
(TV Globo), é pouco esclarecedora. Ao misturar vagões de carga acidentados com
carros de passageiros abandonados, como se fossem uma única coisa, a matéria
confunde o telespectador. Erra ao apontar no final, um só culpado pelo
abandono, a tal de ALL-América Latina Logística, que opera a malha ferroviária
no Sul do Brasil. Não menciona o DNIT, órgão ligado ao Ministério dos
Transportes, que é responsável pelo material rodante não operacional, ou seja,
aqueles carros de passageiros, vagões e locomotivas que não foram arrendados às
operadoras de carga por estarem obsoletos, defeituosos, enferrujados,
acidentados etc.
Para quem desconhece o assunto, a reportagem começa
mostrando material rodante (Patrimônio do Povo Brasileiro) abandonado no quarto
depósito em Santos Dumont/MG. Lá estão alguns carros do trem de Prata,
Automotrizes Budd (88 passageiros) que faziam viagens Rio - São Paulo, Mangaratiba,
BH e outros lugares. Lá também estão estragando os carros de aço carbono do
famoso Xangai que operava entre Juiz de Fora e Matias Barbosa, e a operação foi
paralisada quando a malha foi entregue para a MRS transportar carga somente.
Boa parte desse material do 4º depósito, que até então
estava em perfeitas condições, foi propositalmente abandonada, esquecida, jogada
ao lado, pelas "otoridades" que optaram pelos trens de carga.
Tem material idêntico abandonado, com
carros do trem de Prata em perfeitas condições, apodrecendo em Francisco
Bernardino, em Juiz de fora e em BH...
E tem muitos vagões de carga abandonados
por aí. Alguns são da extinta RFFSA, que não servia aos interesses dos novos
operadores.
Dos vagões estragados, tombados,
que a matéria mostra no Estado de São Paulo, parte pertencia à RFFSA e
parte (os mais novos) à ALL, que é considerada uma das piores operadoras.
Visa o lucro acima de tudo e a qualquer preço...
Contudo, uma coisa é certa: Quer por
conta de embargos do Ministério Publico, ou da AGU, ou TCU, a verdade é que a justiça
colocou todo o material rodante abandonado numa vala comum: quer sejam
locomotivas, carros de passageiros, vagões de carga, quer estejam em boas condições,
acidentados, enferrujados. Acham que tudo pode ter valor histórico, e por isso não
dão, não vendem nem emprestam. Deixam estragar.
Concluindo: há vários culpados, não só
a ALL.
* Ferroviarista &
Pesquisador
Assine o nosso
manifesto pela volta do trem a Petrópolis em: http://www.manifestolivre.com.br/ml/assinaturas.aspx?manifesto=expresso_imperial
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