terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

MINISTRO DA EDUCAÇÃO RECUA SOBRE FILMAR ALUNOS E IMPOR SLOGAN DE CAMPANHA

Depois de muita polêmica em todo o país, o ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez (foto), reconheceu na terça-feira 26 de fevereiro que cometeu um erro ao pedir que as escolas filmassem crianças cantando o Hino Nacional, sem a devida autorização dos pais. O Ministério da Educação (MEC) chegou a enviar um e-mail para as escolas de todo o Brasil país pedindo que se fizesse a leitura de uma carta do ministro e que logo após os responsáveis pelas escolas executassem o Hino Nacional. Em seguida, orientou que se filmasse as crianças durante o ato. A carta em questão,  era encerrada com as frases "Brasil acima de tudo" e "Deus acima de todos". Essas frases foram de uso da campanha do presidente Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais de 2018.
O ministro disse que reconheceu o erro, por isso tirou a parte sobre filmar crianças sem a autorização dos pais. Disse depois, que se alguma coisa for publicada, será dentro da lei e com autorização dos pais. Ao ser questionado sobre quando retirou o trecho do slogan, o ministro respondeu que já havia saído de circulação. No mesmo dia, ele participou de uma audiência na Comissão de Educação para apresentar aos senadores as diretrizes e os programas prioritários do MEC. Durante a audiência, Vélez foi questionado por senadores sobre o conteúdo da carta enviada às escolas e repetiu que foi um erro. mas ele afirmou que cantar o Hino Nacional não é constrangimento. "É amor à pátria”Repetiu que o slogan de campanha foi um erro, já havia reconhecido, e por isso tirou imediatamente. Sobre a filmagem, afirmou que só será divulgada com autorização das famílias.
O e-mail enviado às escolas foi alvo de muitas críticas de educadores e juristas, o que motivou um processo de apuração pela Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão e uma representação de parlamentares ao Ministério Público Federal. A procuradoria, que integra o Ministério Público Federal, fez um pedido de esclarecimentos ao ministro. A procuradoria pediu a ele para apresentar uma justificativa em 24 horas. De acordo com o órgão, ele não é obrigado a enviar uma resposta, mas o pedido é uma das etapas do processo de apuração da procuradoria sobre a constitucionalidade do ato administrativo. Deputados de PT e PSOL querem que o MP ofereça denúncia contra o ministro. Os parlamentares não têm dúvida de que não há dúvidas da “ilegalidade e imoralidade" do ato, que "fere os princípios da moralidade na Administração Pública, previstos na Constituição". Os deputados também pretendem apresentar à Justiça Federal uma ação popular com pedido de liminar, para que o ministro não adote qualquer ação que possa causar constrangimentos ou obrigações ao desamparo da lei, para professores e alunos das escolas públicas e privadas.
O MEC informou que enviaria ainda na terça-feira às escolas do país uma carta atualizada do ministro para ser lida pelos responsáveis pelas instituições de ensino de forma voluntária. Essa nova carta não contém o trecho que foi utilizado durante a campanha de Jair Bolsonaro à Presidência da república. A carta a ser lida foi revisada a pedido do ministro, depois que ele reconheceu o equívoco. Foi também retirado o trecho utilizado durante o período eleitoral. De acordo com o MEC, o e-mail a ser enviado com a nova carta pede que, após a leitura da mensagem do ministro, professores, alunos e demais funcionários da escola fiquem perfilados diante da bandeira do Brasil, se houver na unidade de ensino, e que seja executado o Hino Nacional. Segundo o MEC, a escola que quiser atender voluntariamente o pedido do ministro, deve filmar trechos curtos da leitura da carta e da execução do Hino, mediante autorização da pessoa filmada ou de seus pais ou responsáveis. Os vídeos deverão ser enviados ao MEC, para uso institucional. O MEC afirma que a atividade faz parte da política de incentivo à valorização dos símbolos nacionais.
Segundo o MEC, a nova versão da carta tem a seguinte redação: "Brasileiros! Vamos saudar o Brasil e celebrar a educação responsável e de qualidade a ser desenvolvida na nossa escola pelos professores, em benefício de vocês, alunos, que constituem a nova geração."

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